São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Índice

TRECHO

"Senti minha alma indo embora e desabei no chão com uma dor fortíssima no estômago, um farrapo humano. Eles ficaram apavorados, pensaram que eu ia morrer ali mesmo. É que aqueles selvagens não comem carne que morre sozinha. Tem de ser morta por eles, carne fresca. Senão eles vomitam! Rapidamente me jogaram na rede, e as garotas conseguiram me ressuscitar com a respiração boca-a-boca. Com um fio de voz, perguntei ao pajé, o chefe dos feiticeiros: "Por que vocês escolheram comer justamente eu? Logo eu, que nem sou muito carnudo. Vocês podiam muito bem ter escolhido um dos meus companheiros, que são mais rechonchudos e têm a carne mais macia que a minha". "É verdade" -disse o pajé- "Mas você é mais alegre... mais divertido. A carne de quem brinca muito, dá muitas risadas e faz palhaçadas, é carne boa, saudável... traz alegria. Carne de gente triste, igual os teus companheiros, não desce, dá azia, má digestão, pesadelos e, principalmente, mau hálito"."
TRECHO DE "LA BARCA D'AMÉRICA", DE DARIO FO


Texto Anterior: Teatro: Riso de Dario Fo volta com Capri
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.