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São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2003

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FOTOGRAFIA

Volume "Mulheres da Amazônia" ganha debate hoje na Fnac sobre as condições sócio ambientais da região

Martinelli documenta Amazônia feminina

Pedro Martinelli
Mulher mergulha no rio Juruá


EDER CHIODETTO
EDITOR DE FOTOGRAFIA

Ao percorrer a Amazônia do Alto Rio Negro, na divisa com a Colômbia, até o limite com o Estado do Maranhão, o fotógrafo paulistano Pedro Martinelli produziu uma vasta documentação sobre a Amazônia que gerou o livro "Amazonas: O Povo das Águas" (2000). "Mulheres da Amazônia", seu mais recente livro, será tema de debate hoje, às 15h, na nova sede da Fnac, na av. Paulista.
Com larga experiência em fotojornalismo, Martinelli já teve passagens pela fotografia de moda e pela publicidade, em 30 anos de carreira. Entre 1994 e 2002, porém, se dedicou quase que exclusivamente ao projeto de fotodocumentação da Amazônia. Durante parte desse tempo morou numa embarcação, batizada por ele de Taba, foi picado pelo mosquito transmissor da malária e adoeceu algumas vezes.
"Mulheres da Amazônia" reúne imagens e histórias colhidas entre as regiões do Pará, Acre, Amapá e Manaus. Surge como um subproduto do primeiro e extensivo livro. Pelas 176 páginas, imagens em preto e branco e coloridas mostram as diversas atividades nas quais caboclas, índias e mulheres ribeirinhas se envolvem em atividades como a pesca, a arrumação da casa, o preparo da comida a base de mandioca, o cuidado com as crianças até o trabalho na construção civil. A natureza, que a todos provêem, mas que precisa diariamente ser domesticada, surge como pano de fundo.
Com legendas ricas em dados sobre a cultura local, a obra prioriza claramente um olhar mais preocupado com a informação sintética que com uma abordagem mais introspectiva, onde o autor poderia se tornar um pouco mais presente. Dessa forma "Mulheres" se caracteriza mais como uma reportagem clássica que como um ensaio fotográfico com maneirismos autorais.
O conjunto, porém, perde força ao optar por um projeto gráfico pouco criativo e pela edição e sequência de imagens que se mostra um tanto quanto sem direção, carecendo de uma lógica interna que as justifique.

Consciência ecológica
No debate de hoje, Martinelli irá falar da sua trajetória, a experiência dessa incursão pela Amazônia, além das questões sócio-ambientais que afetam a região e suas implicações para o país.
"As decisões que nos mantém atracados às atuais políticas do meio ambiente permitem falácias como o dito "manejo sustentável", o empobrecimento ecológico em favor do pasto, da soja e da extração de madeiras. Para esse quadro agudo, urge o aparecimento de novos modelos e investimentos que empenhem a tecnologia no aumento da produtividade das área já degradadas; os ouvidos atentos aos habitantes nativos que compreendem o ciclo da vida", diz Martinelli.
Para o lançamento desse livro, o autor optou por criar seu próprio selo editorial, batizado de "Jaraqui", o nome de um pequeno peixe amazônico de coloração verde e amarela. A venda está sendo feita exclusivamente pela Fnac.

MULHERES DA AMAZÔNIA. Debate e lançamento: hoje, às 15h, na Fnac (av. Paulista, 901, tel. 2123-2000). Editora: Jaraqui. Quanto: R$ 64 (preço válido para esse mês), à venda exclusivamente na Fnac (www.fnac.com.br). Patrocínio: Natura e Governo do Estado do Amazonas


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