|
Próximo Texto | Índice
ARTES PLÁSTICAS
EXPOSIÇÃO
Quadros do pintor produzidos durante a ocupação holandesa em PE retratam fauna, flora e povo brasileiros
Albert Eckhout representa o puro pop colonial
Eduardo Knapp/Folha Imagem
|
Abertura da mostra de Eckhout, que traz quadros como (a partir da esq..) "Mulher Negra", "Homem Negro", "Mulher Mameluca" e "Homem Tupi" |
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
Eckhout volta após 360 anos,
em mostra na Pinacoteca. O
que nos contam do Brasil as 24
pinturas emprestadas pela atual
rainha da Dinamarca?
O conjunto foi produzido durante a crise da América portuguesa. A Espanha apossara-se de
Portugal depois do sumiço do rei
luso d. Sebastião. O Brasil se converteu em colônia hispânica, e
Pernambuco fora invadido por
holandeses.
O príncipe batavo Maurício de
Nassau (1604-1679) criou para si
uma residência renascentista em
Recife. O palácio Friburgo era um
verdadeiro complexo de diversões educativas, entre salões temáticos e jardim zoobotânico.
Albert Eckhout (1610-1665) foi
trazido da Europa junto com outros artistas para edificar a corte
do governador Nassau. Permaneceu aqui entre 1637 e 1644. Toda a
obra remanescente do período
brasileiro está agora em exibição
no museu do Parque da Luz.
Completam a mostra uma vista
do Recife em 1637, de Peeters, três
retratos de emissários diplomáticos, de autoria incerta, livros e
gravuras do século 17.
As primeiras salas tematizam
dois ciclos decorativos encomendados para aposentos palacianos.
Nos quatro pares de alegorias e 12
naturezas-mortas, Eckhout retratou animais, vegetais, conchas e
utensílios das coleções e jardins
de Nassau.
O percurso encerra-se com o
quadro histórico "Dança dos Tapuias", composto horizontalmente no primeiro plano à maneira de friso antigo.
A Pinacoteca oferece, ainda,
vasto material informativo complementar. Um dos cômodos simula o palácio de Nassau, onde se
dispõem cinco cópias de Paulo
Poser que ilustram a situação decorativa para a qual teriam sido
produzidos os originais presentes
na mostra.
As imagens de Eckhout prefiguram questões recorrentes da estética brasileira. Os casais alegóricos evidenciam a composição
mista do tipo local: mameluca,
mulato, negros, Tapuias e Tupis.
A atração pelo ornamento tropical destaca-se entre naturezas-mortas e fundos com paisagens
do Nordeste seiscentista.
A coleção Eckhout retornou ao
Velho Mundo com o fim da dominação holandesa. Em 1656, foi
doada ao rei dinamarquês Frederico 3º. Desde então, representa
nossas maravilhas no imaginário
europeu: primeiro como parte
dos tesouros de Copenhagen, depois como referência imitada na
série de tapeçarias francesas "Antigas e Novas Índias", da fábrica
dos Gobelins. Puro pop colonial.
Albert Eckhout Volta ao Brasil
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da
Luz, 2, Bom Retiro, tel. 229-9844)
Quando: ter. a dom.: 10h às 18h. Até
30/03
Quanto: entrada franca
Patrocínio: Banco Real
Próximo Texto: Pinacoteca contempla arte contemporânea Índice
|