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ERUDITO
Programação aumenta presença de músicos da própria orquestra que atuam como solistas
Osesp anuncia peças da temporada de 2003
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Osesp (Orquestra Sinfônica
do Estado) anunciou ontem o
conteúdo de sua temporada para
2003 e passa a renovar as assinaturas de seus 5.066 assinantes na
próxima segunda-feira.
A programação traz, antes de
mais nada, uma boa notícia para
quem se preocupava com eventuais efeitos das mudanças no governo ou na Secretaria de Cultura.
Mantém-se o padrão de ineditismo no repertório e de diversificação de solistas e regentes. Uma
das unanimidades do meio musical é a de que a orquestra, reformulada em 1997, colocou o Brasil
num patamar até agora desconhecido de excelência sinfônica.
A centena de instrumentistas, o
coral e serviços paralelos, como o
CDM (Centro de Documentação
Musical), estão com uma dotação
oficial de R$ 15,8 milhões para este ano, orçamento que deverá se
suplementar com assinaturas e
possíveis patrocínios privados.
As assinaturas estão mais caras
para cada uma das séries de dez
concertos. Comparando-se com
2002, passaram da faixa de R$ 108
a R$ 324 para R$ 140 a R$ 460. É
mais que a inflação, mas é menos
que o dólar, que remunera maestros e solistas estrangeiros ou a
compra de direitos autorais.
Há algumas novidades. A primeira delas é o surgimento de
uma Orquestra de Câmara da
Osesp, com quatro concertos a serem regidos por Cláudio Cruz, o
spalla da formação sinfônica e
que é também o regente titular da
Sinfônica de Ribeirão Preto.
Haverá ainda nove programas
de música de câmara, na série
"Um Certo Olhar", fora do auditório e para um público de cem
pessoas, todas assinantes (R$ 380
pelo conjunto de récitas). Não haverá venda avulsa de ingressos.
A programação reflete também
uma ligeira redução do número
de instrumentistas estrangeiros e
uma presença bem maior de músicos da própria orquestra, que
passam a atuar como solistas.
Mantém-se o padrão quando se
tem no programa, por exemplo, o
oboísta Arcádio Minczuk ou o
violista Horácio Schaefer.
Apresentam-se como solistas
três dos grandes pianistas brasileiros radicados no exterior. Nelson Freire fará em novembro o
"Concerto nš 1", de Chostakovich.
Em agosto, Jean-Louis Steuerman
interpreta o "Concerto nš 2", de
Villa-Lobos. E, em junho, Arnaldo Cohen será o solista do "Concerto nš 17", de Mozart.
Quanto aos estrangeiros, vale a
pena citar o pianista Dezso Ranki,
o violoncelista Mário Brunello e
sobretudo o principal regente da
temporada, Kurt Masur, ex-diretor da Gewandhaus de Leipzig e
da Filarmônica de Nova York, autor de uma das leituras mais intrigantes da "Quarta" de Brahms,
justamente uma das sinfonias que
programou para as suas récitas.
Por fim, o diretor musical John
Neschling misturou peças conhecidas e consagradas com outras
inéditas ou pouco interpretadas
no Brasil. Educa o público e educa
a própria orquestra.
Estão no segundo caso peças de
Honegger, Tan Dun, Ligeti, Stamitz ou Vasks. A orquestra não
tocará em 2003 nenhuma sinfonia
de Beethoven. Mas trará uma de
Bernstein, duas de Chostakovich
e uma de Villa-Lobos.
De compositores brasileiros:
Francisco Braga, Silvio Ferraz,
Edino Krieger, Osvaldo Lacerda,
Radamés Gnatalli, Cláudio Santoro e outros que o eurocentrismo
sinfônico sem querer reduziu ao
silêncio.
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