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São Paulo, terça-feira, 21 de janeiro de 2003

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ERUDITO

Programação aumenta presença de músicos da própria orquestra que atuam como solistas

Osesp anuncia peças da temporada de 2003

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado) anunciou ontem o conteúdo de sua temporada para 2003 e passa a renovar as assinaturas de seus 5.066 assinantes na próxima segunda-feira.
A programação traz, antes de mais nada, uma boa notícia para quem se preocupava com eventuais efeitos das mudanças no governo ou na Secretaria de Cultura.
Mantém-se o padrão de ineditismo no repertório e de diversificação de solistas e regentes. Uma das unanimidades do meio musical é a de que a orquestra, reformulada em 1997, colocou o Brasil num patamar até agora desconhecido de excelência sinfônica.
A centena de instrumentistas, o coral e serviços paralelos, como o CDM (Centro de Documentação Musical), estão com uma dotação oficial de R$ 15,8 milhões para este ano, orçamento que deverá se suplementar com assinaturas e possíveis patrocínios privados.
As assinaturas estão mais caras para cada uma das séries de dez concertos. Comparando-se com 2002, passaram da faixa de R$ 108 a R$ 324 para R$ 140 a R$ 460. É mais que a inflação, mas é menos que o dólar, que remunera maestros e solistas estrangeiros ou a compra de direitos autorais.
Há algumas novidades. A primeira delas é o surgimento de uma Orquestra de Câmara da Osesp, com quatro concertos a serem regidos por Cláudio Cruz, o spalla da formação sinfônica e que é também o regente titular da Sinfônica de Ribeirão Preto.
Haverá ainda nove programas de música de câmara, na série "Um Certo Olhar", fora do auditório e para um público de cem pessoas, todas assinantes (R$ 380 pelo conjunto de récitas). Não haverá venda avulsa de ingressos.
A programação reflete também uma ligeira redução do número de instrumentistas estrangeiros e uma presença bem maior de músicos da própria orquestra, que passam a atuar como solistas. Mantém-se o padrão quando se tem no programa, por exemplo, o oboísta Arcádio Minczuk ou o violista Horácio Schaefer.
Apresentam-se como solistas três dos grandes pianistas brasileiros radicados no exterior. Nelson Freire fará em novembro o "Concerto nš 1", de Chostakovich. Em agosto, Jean-Louis Steuerman interpreta o "Concerto nš 2", de Villa-Lobos. E, em junho, Arnaldo Cohen será o solista do "Concerto nš 17", de Mozart.
Quanto aos estrangeiros, vale a pena citar o pianista Dezso Ranki, o violoncelista Mário Brunello e sobretudo o principal regente da temporada, Kurt Masur, ex-diretor da Gewandhaus de Leipzig e da Filarmônica de Nova York, autor de uma das leituras mais intrigantes da "Quarta" de Brahms, justamente uma das sinfonias que programou para as suas récitas.
Por fim, o diretor musical John Neschling misturou peças conhecidas e consagradas com outras inéditas ou pouco interpretadas no Brasil. Educa o público e educa a própria orquestra.
Estão no segundo caso peças de Honegger, Tan Dun, Ligeti, Stamitz ou Vasks. A orquestra não tocará em 2003 nenhuma sinfonia de Beethoven. Mas trará uma de Bernstein, duas de Chostakovich e uma de Villa-Lobos.
De compositores brasileiros: Francisco Braga, Silvio Ferraz, Edino Krieger, Osvaldo Lacerda, Radamés Gnatalli, Cláudio Santoro e outros que o eurocentrismo sinfônico sem querer reduziu ao silêncio.


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