São Paulo, quinta-feira, 21 de maio de 2009

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Sesc recebe provocações poéticas de Queiroga

Pernambucano apresenta na unidade da Pompeia o CD "Tem Juízo Mas Não Usa'

Parceiro de Lenine avança em sua busca por "prender" o público pelas letras de músicas, que melodicamente vão do rock à ciranda


Marcelo Lyra/Divulgação
O compositor pernambucano, que faz show hoje no teatro do Sesc Pompeia, antes de seguir para Porto Alegre e Florianópolis

MARCUS PRETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A palavra em primeiro plano. É com esse norte que o pernambucano Lula Queiroga, 49, vem desbravando seu espaço na música brasileira. E o recém-lançado "Tem Juízo Mas Não Usa", que ele apresenta na noite de hoje em show no teatro do Sesc Pompeia, avança um bocado nesse processo.
Embora sua música híbrida inclua elementos tão atraentes quanto o rock, o samba e a ciranda, são as suas pauladas poéticas o que mais provoca e seduz os ouvidos.
Ele mesmo diz se espantar por "prender" as pessoas pelo texto. "Vejo em shows que prestam atenção em cada palavra, esperando a próxima sílaba. Quando a letra fecha um raciocínio, um cutuca o outro." Não é para menos. Versos que começam quase corriqueiros terminam em soluções desconcertantes: "Tudo o que eu fiz foi dizer não vá/ Aconteceu no susto/ Porta fecha, lá vai ela/ Atrás do vidro da janela/ De um metrô noturno/ A mão parada no alto, foi/ Como se fosse assalto/ Como se a fulana me roubasse um braço, um nome, um rim", ele canta em "Fulana". O músico iniciou sua carreira discográfica em 1983, quando lançou "Baque Solto", gravado em dupla com o conterrâneo Lenine. O disco fez pouco sucesso, mas a parceria cresceu e permanece. Gerou canções consagradas, como "A Ponte", "A Rede" e "Alzira e a Torre".
Depois da estreia dividida, Queiroga passou por um hiato fonográfico de quase 20 anos -seu primeiro álbum individual é de 2001-, tempo em que se dedicou à sua produtora de cinema, áudio e vídeo.
"Não quis mais saber das gravadoras. Saí dessa porque não queria trazer angústia para o meu som", diz. "É terrível. Talvez seja a pior parte da história ouvir gente dizer que o que você faz não dá dinheiro. Que é preciso enxertar uma produção com um timbre da moda."

Independente
"Tem Juízo Mas Não Usa" é o terceiro álbum dessa fase independente. E Queiroga se empolga quando lembra os tantos palcos em que vai apresentar o trabalho nos próximos dias -de São Paulo, ele segue para Porto Alegre e depois para Florianópolis, Curitiba, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador e Espírito Santo. "Para mim, essa é a grande vingança da rapaziada [independente]: mesmo não postulando as exigências da mídia pesada, a gente lota lugares. Não tenho músicas tocando no rádio, mas a molecada surge nos shows saídas nem sei de que buraco", afirma.
Sabe sim. Ele tem plena consciência de que é a internet a sua maior aliada. E, ainda que seus CDs tenham vendido relativamente bem para lançamentos independentes, ele aposta cada vez mais no download como meio eficaz de divulgação. "Eu peço para me piratearem. Considero "ação entre amigos". Coloco até o encarte no meu site para baixarem com as letras", diz. E a palavra volta ao primeiro plano.


LULA QUEIROGA

Quanto: hoje, às 21h
Onde: teatro do Sesc Pompeia (r. Clélia, 93, Pompeia, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: R$ 4 a R$ 16
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos




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