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CINEMA
Filmes do diretor de fotografia mexicano são exibidos na Cinemateca Folha
Mostra revela a arte P&B de Figueroa
PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha
Não apenas cineastas ou ciclos
temáticos garantem uma mostra
de cinema. O exemplo disso está, a
partir de hoje, na Sala Cinemateca
Folha, com "Gabriel Figueroa".
O nome da mostra é um dos
maiores fotógrafos que o cinema
já teve. Gabriel Figueroa, morto
ano passado, trabalhou com nomes como Luis Buñuel e John
Ford. E não só.
Sua escola foi Gregg Toland, diretor de fotografia de "Cidadão
Kane", de Orson Welles.
Figueroa foi seu aluno antes disso, mas aprendeu a dar "materialidade" à fotografia, algo nunca
feito antes, principalmente na cinematografia mexicana, sua terra-natal.
Foi o esteta do preto-e-branco.
Os céus que inundavam suas tomadas -e paisagens-, já em sua
primeira fase mexicana, nos anos
30, caíram nas graças do western.
Com muito esforço, John Ford
conseguiu Figueroa para fazer seu
"Domínio dos Bárbaros" (47).
Sua atuação política, abrigando
refugiados políticos no México,
ganhou a antipatia do macarthismo e comprometeu sua carreira
em solo norte-americano.
Ficou proscrito até morrer, apesar do reconhecimento artístico.
A Cinemateca mostra 13 preciosidades, todas em versão original
ou legendadas em francês. Os filmes são produções mexicanas.
Faltam "Os Esquecidos" (50) e
"O Anjo Exterminador" (62),
ambos de Buñuel, mas a redenção
da mostra vem com "Nazarin"
(58), também do mestre surrealista e premiado no Festival de Cannes.
"O Alucinado", de 1952, é um
Buñuel não menos recomendável.
Há filmes menores, como "Distinto Amanhecer" (1943), de Julio
Bracho. Mas há uma boa amostragem da filmografia do grande
Emilio Fernández.
"Enamorada" (1946) ganhou
prêmio de melhor fotografia no
Festival de Bruxelas.
"Maria Candelaria" (1943),
com Dolores Del Rio, é outra obra
do diretor mexicano agraciada
com as lentes de Figueroa. Ganhou a Palma de Ouro em Cannes
e prêmio de fotografia no Festival
de Locarno.
"Pedro Páramo" (1966), de
Carlos Velo, adaptação de Carlos
Fuentes, mostra a trajetória de um
despótico e trágico cacique.
Esse filme confirma que a irregularidade do todo nunca conseguiu neutralizar o brilhantismo de
Gabriel Figueroa.
Mostra: Gabriel Figueroa
Quando: de hoje a 31 de maio
Onde: Sala Cinemateca Folha (lgo. Senador
Raul Cardoso, 207, tel. 5084-2177)
Quanto: R$ 5
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