São Paulo, quinta, 21 de maio de 1998

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CINEMA
Filmes do diretor de fotografia mexicano são exibidos na Cinemateca Folha
Mostra revela a arte P&B de Figueroa

PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha

Não apenas cineastas ou ciclos temáticos garantem uma mostra de cinema. O exemplo disso está, a partir de hoje, na Sala Cinemateca Folha, com "Gabriel Figueroa".
O nome da mostra é um dos maiores fotógrafos que o cinema já teve. Gabriel Figueroa, morto ano passado, trabalhou com nomes como Luis Buñuel e John Ford. E não só.
Sua escola foi Gregg Toland, diretor de fotografia de "Cidadão Kane", de Orson Welles.
Figueroa foi seu aluno antes disso, mas aprendeu a dar "materialidade" à fotografia, algo nunca feito antes, principalmente na cinematografia mexicana, sua terra-natal.
Foi o esteta do preto-e-branco. Os céus que inundavam suas tomadas -e paisagens-, já em sua primeira fase mexicana, nos anos 30, caíram nas graças do western. Com muito esforço, John Ford conseguiu Figueroa para fazer seu "Domínio dos Bárbaros" (47).
Sua atuação política, abrigando refugiados políticos no México, ganhou a antipatia do macarthismo e comprometeu sua carreira em solo norte-americano.
Ficou proscrito até morrer, apesar do reconhecimento artístico.
A Cinemateca mostra 13 preciosidades, todas em versão original ou legendadas em francês. Os filmes são produções mexicanas.
Faltam "Os Esquecidos" (50) e "O Anjo Exterminador" (62), ambos de Buñuel, mas a redenção da mostra vem com "Nazarin" (58), também do mestre surrealista e premiado no Festival de Cannes.
"O Alucinado", de 1952, é um Buñuel não menos recomendável.
Há filmes menores, como "Distinto Amanhecer" (1943), de Julio Bracho. Mas há uma boa amostragem da filmografia do grande Emilio Fernández.
"Enamorada" (1946) ganhou prêmio de melhor fotografia no Festival de Bruxelas.
"Maria Candelaria" (1943), com Dolores Del Rio, é outra obra do diretor mexicano agraciada com as lentes de Figueroa. Ganhou a Palma de Ouro em Cannes e prêmio de fotografia no Festival de Locarno.
"Pedro Páramo" (1966), de Carlos Velo, adaptação de Carlos Fuentes, mostra a trajetória de um despótico e trágico cacique.
Esse filme confirma que a irregularidade do todo nunca conseguiu neutralizar o brilhantismo de Gabriel Figueroa.

Mostra: Gabriel Figueroa Quando: de hoje a 31 de maio Onde: Sala Cinemateca Folha (lgo. Senador Raul Cardoso, 207, tel. 5084-2177) Quanto: R$ 5



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