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Artistas acentuam espaços vazios
Obras de Fábio Miguez, Emmanuel Nassar e das jovens Marcia de Moraes e Ana Prata se expressam por frestas e intervalos
Mostras individuais simultâneas dos artistas com desenhos, pinturas e instalações começam amanhã no Maria Antonia
Divulgação
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'Vaca', tela da artista Ana Prata, que ganha individual no Centro Universitário Maria Antonia
DA REPORTAGEM LOCAL
Está no espaço entre as formas a força das obras reunidas
agora no Centro Universitário
Maria Antonia. São trabalhos
de anseio construtivo, que se
expressam por intervalos entre
desenho, pintura e instalação.
No primeiro andar, Fábio
Miguez constrói um jogo luminoso com quatro chapas de vidro. Agrupadas de dois em dois,
são faces de formas sobre planos transparentes, que flutuam
num espaço de grandes vitrais.
"São formas geométricas,
mas não têm geometrismo nenhum", descreve Miguez. "É
mais um caminho errático."
Entre uma placa de vidro e
outra, planos secundários
constroem e habitam um terceiro espaço. "É uma parte residual da obra", diz o artista.
"Não tem o cálculo, mas forma
volume, vira uma escultura."
Também vira escultura o que
era uma pintura de Emmanuel
Nassar. No andar de cima, o artista desmonta um antigo painel construído como fachada e
fecha as faces dentro de um cubo. Do lado de fora, o avesso.
Pelas frestas, vazam fragmentos do que antes ficava escancarado: letras soltas, o desenho de
uma mulher nua, lâmpadas.
Mais uma vez, o intervalo
vence a forma cheia. Nassar
ressignifica a própria obra ao
esconder o assunto e acentuar
os fiapos de cor que saltam da
caixa fechada. Lembra o voyeurismo de Marcel Duchamp em
"Étant Donnés", obra em que
exibiu o corpo de sua amante
por um buraco de fechadura.
Mas no lugar da amante,
Nassar espia a si mesmo. Sua
pintura vira objeto de um autovoyeurismo narcísico, talvez
mais potente do que sua fachada original, aberta sem esforço.
Sem sobressaltos, os desenhos de Marcia de Moraes expostos na sala ao lado surgem
como paisagem inteiriça. Não
escondem o jogo, mas se articulam pelos espaços vazios, as zonas livres de cor que denunciam ser tudo desenho. Reforçam a estrutura das linhas e a
textura dos traços a lápis.
"É como se o bege do papel
fosse outra cor", diz Moraes.
"Sempre aparece algo atrás."
Do mesmo jeito que espaços
negativos gritam mais que uma
vaca ou calças jeans nas telas de
Ana Prata, juntas no primeiro
andar. Pelo parabrisa, uma paisagem derrete esbranquiçada
no quadro mais forte do conjunto e arremata a ode ao vazio.
(SILAS MARTÍ)
EMMANUEL NASSAR, FÁBIO
MIGUEZ, ANA PRATA E MARCIA
DE MORAES
Quando: abertura amanhã, às 20h;
de ter. a sex., das 10h às 21h; sáb. e
dom., das 10h às 18h; até 17/1
Onde: Maria Antonia (r. Maria Antonia, 294, tel. 3255-7182)
Quanto: entrada franca
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