BRUNO GHETTI
DA REDAÇÃO

A partir de hoje, São Paulo ganha novas e inusitadas "salas" de cinema. São alguns parques municipais, onde serão instalados telões para exibição de filmes nacionais -mais um projeto comemorativo dos 450 anos da cidade.
Trata-se do programa Cinema no Parque -parceria da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente com o Tempo Glauber-, que prevê 11 exibições cinematográficas gratuitas em nove parques diferentes da cidade, entre hoje e o dia 23 de maio.
O lançamento do programa é hoje, às 17h, no parque Trianon. Na sessão desta noite será apresentada uma das obras-primas de Glauber Rocha (1938-81): "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964), em cópia restaurada. Um show de Jorge Mautner abre o evento.
No parque será instalado um telão e uma tenda, e haverá 200 cadeiras para o público -mas os organizadores explicam que não há limite de número de espectadores.
Até 23 de maio serão apresentados também filmes recentes, como "Durval Discos", de Ana Muylaert, e "Amarelo Manga", de Claudio Assis, em parques municipais como o Independência, o da Luz e o Ibirapuera.
Além de fazer a curadoria da mostra, Paloma Rocha, 43, filha de Glauber Rocha, tem restaurado outro longa do pai: "Terra em Transe" (1967), cuja sessão pública será no fim de maio.
"A idéia inicial era apresentar às pessoas filmes de Glauber Rocha, um projeto que eu tinha para 2003, mas que não deu certo", diz Paloma. "O [ secretário municipal do Verde e Meio Ambiente] Adriano Diogo se interessou pela iniciativa. Em virtude das comemorações dos 450 anos de São Paulo, o projeto se expandiu também à apresentação de filmes de outros cineastas, então nasceu o Cinema no Parque", conta.
A curadora explica que o fato de os filmes do pai serem, muitas vezes, considerados "difíceis" e "herméticos" não deve ser empecilho para o sucesso do projeto.
"Não sei qual reação que o público vai ter. Aliás, essa é uma das questões do projeto: precisamos experimentar, apresentar às pessoas um tipo de cinema diferente, que não se repita sempre, como acontece com o cinema hollywodiano. O público do Brasil está colonizado por este tipo de filme", diz, sobre a memória cinematográfica no país.
O projeto Cinema no Parque se estende só até maio, mas os organizadores têm planos de, futuramente, tornar o programa fixo.