São Paulo, domingo, 22 de março de 2009

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Crítica/exposição/Rumos Artes Visuais

Mapeamento da nova geração de artistas revela pouca ousadia

Com exceções, como Kilian Glasner, Tiago Carvalho e o grupo Empreza, exposição mostra obras em formatos simples e fáceis

Cia de Foto/Divulgação
A instalação "Galeria Boliche', de Tiago Carvalho, obra que faz parte da nova edição do Rumos

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após três anos, novamente o Itaú Cultural apresenta a mostra Rumos Artes Visuais, desta vez sob coordenação geral de Paulo Sergio Duarte e com o subtítulo "Linhas do Desejo".
Em seu formato, o Rumos é muito parecido com um salão de arte contemporânea, portanto uma reunião de trabalhos produzidos recentemente, que funcionam como registro instantâneo de uma geração que está por se afirmar.
A diferença notável é que ele conta com uma extensa equipe curatorial -são 12 pessoas além do coordenador-, o que deveria representar um esforço extra para um mapeamento significativo da produção atual.
Entretanto, se a nova produção de fato se reflete nas 72 obras da mostra, a geração que surge parece vir com problemas. Ousadia, que em geral é o esperado de quem não tem ainda amarras no circuito, é rara. Mas ela acontece, e curiosamente é mais visível num espaço fora da sede do Itaú Cultural, numa casa sete quadras distante, onde Kilian Glasner e Tiago Carvalho realizam seus trabalhos. Glaser destrói parcialmente o segundo andar do local, enquanto Carvalho monta no primeiro a "Galeria Boliche", repetindo uma experiência similar realizada na cidade de Coronel Fabriciano, em Minas Gerais.

Frescor
Mesmo no prédio do Itaú, obras como "Itauçu", do grupo Empreza, de Goiânia, uma instalação complexa e misteriosa, fruto de performance realizada na abertura da mostra, trazem algum frescor ao conjunto.
Em sua maioria, contudo, os trabalhos parecem se encaixar em formatos simples e fáceis, prontos para o mercado. Realizados com receitas já conhecidas, muitas dessas obras parecem simples referências a algum nome já conhecido da cena contemporânea. Alguns vídeos lembram a poética de Cao Guimarães, outros trabalhos a apropriação de objetos cotidianos como ocorre com Marepe ou Rivane Neuenschwander.
Nem todos que usam esse tipo de procedimento, no entanto, são tão redundantes, como se observa com Marcelo Moscheta em "Estudo para Espaço", uma singela mas fascinante representação do céu com algodão e caixas de bombom.
Tem sido consenso em artigos de revistas especializados que o colapso financeiro mundial deve reposicionar os caminhos da arte atual, tornando-a mais livre e arrojada. A produção que se vê nessa edição do Rumos ainda está, definitivamente, querendo participar de um mundo que acabou e, pior, sem reflexão.


RUMOS ARTES VISUAIS - LINHAS DO DESEJO
Quando:
ter. a sex., das 10h às 21h; sáb. e dom., das 10h às 19h; até 10/5
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149, tel. 2168-1776)
Quanto: entrada franca
Classificação: livre
Avaliação: regular



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