Filmes no CCBB tratam de mutações do espaço e seu impacto no modo de habitar

Onze documentários franceses e brasileiros têm exibição gratuita na mostra "Social em Movimento", que acontece de hoje a domingo

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

As mutações do espaço e seu impacto na maneira de habitar, as variadas formas de exclusão e de reclusão e os esforços diversos dos indivíduos para sobreviverem dentro dessas "armadilhas" são temas recorrentes do ciclo "Social em Movimentos", que reúne, de hoje a domingo no CCBB, 11 documentários realizados por franceses e brasileiros com foco predominante em questões como habitação, imigração e discriminação social e étnica.
O ciclo integra os eventos de abertura do Ano da França no Brasil e divide-se em quatro blocos: "uma cidade, várias histórias", "imigração", "músicas urbanas" e "justiça". Após a exibição dos dois filmes relacionados a cada tema, um debate reunirá realizadores e especialistas nas questões para levar a discussão da tela para a sala.
É um modo de aproximar realidades aparentemente distintas e traçar paralelos entre, por exemplo, um prédio ocupado ao longo de décadas por imigrantes em "5-7 Rue Corbeau", de Thomas Pendzel, e "Moro na Tiradentes", no qual Henri Gervaiseau e Claudia Mesquita registram a memória da exclusão no depoimento de pessoas que se mudaram para a Cidade Tiradentes, na extrema periferia da zona leste paulistana.
Por sua vez, "La Traversée" e "Migrantes" aproximam duas migrações diversas com efeitos similares: a de argelinos que se movem para a França e a de nordestinos que encontram no interior de São Paulo condições precárias de trabalho em plantações de cana-de-açúcar.
Na abertura e encerramento, o ciclo traz raridades como um filme de 1928 sobre catadores de lixo de Paris, o primeiro curta do rigoroso Maurice Pialat sobre a vida na periferia da capital francesa no fim dos anos 50 e "La Vie Moderne", registro das transformações humanas e físicas da paisagem rural francesa sob o olhar inesgotável de Raymond Depardon.


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