ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Para além dos ideogramas, a produção gráfica japonesa ganha um novo panorama através da exposição "ADC Tóquio", que reúne, no Instituto Tomie Ohtake, 110 cartazes produzidos recentemente por grandes nomes do design do país, selecionados pelo Art Directors Club de Tóquio.
A mostra faz parte de um intercâmbio estabelecido entre a Ginza Graphic Gallery (GGG) e o Instituto Tomie Ohtake, que realizou na sede da GGG, em Tóquio, no ano passado, uma mostra sobre a produção gráfica brasileira através de cem livros, com curadoria de Ricardo Ohtake, designer e diretor do instituto.
Com o objetivo final de servir à publicidade, mas sem abrir mão do cuidado estético, os cartazes são distribuídos, segundo o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP organizador da exposição, Francisco Homem de Melo, de acordo com sua linguagem. "Há uma sala para ilustrações, uma para fotografia e outra para "outras coisas", como o desenho produzido digitalmente e a tipografia", enumera Homem de Melo. "É importante vê-los de perto, pois há matizes e texturas que não podem ser percebidos pelas reproduções", completa.
Obras de nomes fundamentais do design gráfico japonês, como Shigeo Fukuda e Ikko Tanaka, dão impulso à mostra, que também contempla a produção elegante dos quase cinquentenários Shin Matsunaga e Kenya Hara e a de designers mais jovens, como Kashiwa Sato e Takuya Onuki.
Quem espera uma mostra cheia de ideogramas misteriosos pode se decepcionar. Fotos e ilustrações predominam e mantêm a proporção do que é mostrado na própria publicidade japonesa. "Os japoneses não gostam muito da mensagem direta, das ordens do tipo "compre isso, compre aquilo". Procuram dar suas mensagens através das imagens", explica Yoshio Hirayama, diretor da Ginza Graphic Gallery. Para complementar a mostra, Hirayama e Francisco Homem de Melo falam hoje sobre "Tensão entre a Publicidade e o Design Gráfico".
Para os próximos dois anos, o Instituto Tomie Ohtake planeja continuar investindo no design japonês, com retrospectivas de Fukuda e Tanaka, entremeadas por mostras sobre a arquitetura dos brasileiros Vilanova Artigas e Oscar Niemeyer.