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LITERATURA
Encontros de Interrogação reúne no Itaú Cultural novos escritores, críticos e jornalistas em série de debates e oficinas
"Medalhinhas" discutem criação literária
JANAINA FIDALGO
DA REDAÇÃO
Poetas e prosadores expoentes
da nova literatura brasileira tomam conta hoje e amanhã de todas as dependências do Itaú Cultural para participar do Encontros de Interrogação, um colóquio
de escritores, críticos e jornalistas
voltado à discussão literária.
Nesta babel, gerações, naturalidades, histórias e trajetos distintos convergem para uma paixão
em comum. Assim, em uma única mesa se encontram, por exemplo, o jovem romancista paulistano Santiago Nazarian, a autora
carioca ainda inédita Cecília
Giannetti, a porto-alegrense Verônica Stigger, e o poeta de Bom
Jesus da Lapa João Filho. Mediados por Marçal Aquino, o veterano do grupo, eles discutem a importância da obra de Clarice Lispector e Guimarães Rosa.
A revelação de jovens escritores
por meio da internet e a literatura
feita em blogs tem destaque no
evento. "Blog pode ser literatura?", com mediação do crítico da
Folha Xico Sá, e "A nova literatura vem da internet?" são os temas
de duas das 14 mesas.
"Tem um certo número de escritores interessantes que estão
aparecendo em blogs -hoje uma
referência importante- que
nunca se reuniu. Nunca houve
um encontro com esse perfil no
Brasil", diz o consultor do Itaú
Cultural, Claudiney Ferreira, 47.
O repórter da Folha Cassiano
Elek Machado será um dos debatedores de uma mesa cuja pergunta é "Literatura vende jornal?
Jornal vende literatura?". No debate mediado por João Alexandre
Barbosa, do qual participa o colunista da Folha Manuel da Costa
Pinto, o mote é a "rixa" entre as
críticas jornalística e acadêmica.
Haverá ainda oficinas de prosa e
poesia com Frederico Barbosa,
Raimundo Carrero, Assis Brasil e
João Silvério Trevisan -todas
com inscrições fechadas.
Como o nome já indica, em Encontros de Interrogação não há
temas nem debates fechados.
"A questão da qualidade é a discussão. Não estou dizendo que esses são os melhores escritores
emergentes do Brasil ou que a nova literatura brasileira é magnífica. São temas em discussão", diz.
A escolha dos mais de 90 participantes foi uma incumbência dada a quatro curadores: os escritores Cláudio Daniel, Frederico Barbosa, Marcelino Freire e Nelson
de Oliveira -os dois primeiros
selecionaram os poetas e os outros dois, os prosadores.
"São tantos escritores que a gente fica sempre devendo. Não queríamos chamar os medalhões,
não que tivéssemos algo contra
eles, mas eles já são muito chamados. Queríamos chamar os "medalhinhas'", diz Freire, entre risos.
Em tom quase místico, o escritor lembra que hoje à noite uma
carta aberta sobre o Plano Nacional de Leitura, assinada por um
grupo de escritores, será entregue
ao ministro Gilberto Gil.
"Coincidentemente, quando
começar essa invasão no Itaú, o
Gil e o Galeano Amorim [coordenador do Plano Nacional do Livro
e Leitura] estarão conversando
com escritores, editores e livreiros. É concordância da natureza."
Discussão continuada
Para dar prosseguimento às discussões do encontro, um DVD será lançado em 2005. Junto dele,
será distribuído um catálogo
-uma espécie de vitrine dessa
geração. A intenção é distribuí-los
a jornalistas, universidades, escritores e aos interessados em literatura brasileira no exterior.
"Todos os autores estão escrevendo um texto sobre sua própria
literatura. O catálogo vai ter ainda
uma matéria do Ronaldo Bressane sobre a história da literatura na
internet no Brasil e um texto dos
curadores", diz Ferreira.
A intenção futuramente, segundo Ferreira, é disponibilizar a publicação para o público, o que só
acontecerá caso seja fechada uma
parceria com alguma editora.
"Ninguém lida com essa turma
porque ninguém quer se arriscar.
E literatura é risco", diz Ferreira.
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