São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2006

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Ramón Vargas mostra sua voz latino-americana

Para o cantor lírico mexicano, latinos têm um jeito próprio de cantar, que vem da convivência intensa com a pobreza

O tenor tem um timbre rico e cálido que o habilitou a cantar óperas como "Lucia di Lammermoor", de Donizetti, e "Werther", de Massenet

Divulgação
O cantor radicado em Viena, Ramón Vargas, que canta em SP


IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há uma invasão de tenores latino-americanos no mercado lírico internacional. O mexicano Ramón Vargas, que canta em São Paulo hoje e amanhã, pertence a uma geração que está gravando discos por selos de ponta e ocupando os principais papéis da ópera italiana nos grandes teatros. A partir da segunda metade da década de 90, começaram a se tornar conhecidos em todo o planeta nomes como o do também mexicano Rolando Villazón, do peruano Juan Diego Florez e dos argentinos José Cura e Marcelo Álvarez. "Nós, os latinos, percebemos a vida de um modo diferente", teoriza Vargas. "Como a gente vem de um mundo cercado pela pobreza, acabamos vivendo mais intensamente o dia-a-dia, enquanto europeus e norte-americanos se preocupam muito com o futuro. O público percebe a diferença: o cantor latino-americano revela o coração e a alma quando se apresenta." Presença constante em teatros como o Metropolitan, de Nova York, e o Scala, de Milão, há mais de dez anos, o mexicano radicado em Viena tem um timbre rico, cálido e puro de tenor lírico, que o habilitou a cantar óperas como "Lucia di Lammermoor", de Donizetti (que ele interpreta em julho no Scala), "Werther", de Massenet (que gravou com êxito pela RCA Victor), e "La Traviata", de Verdi (que canta no mês que vem no Japão, em uma turnê do Met). Por aqui, contudo, seu repertório está mais centrado no terreno intimista da canção, incluindo três itens de Heitor Villa-Lobos. "Procuro cantar em português puro, sem imitar o sotaque brasileiro, o que seria tão ridículo quanto eu tentar fazer tango com acento portenho", compara. O programa de hoje destaca dois ciclos de compositores espanhóis, usualmente interpretado por vozes femininas: as "Sete Canções Populares Espanholas", de Manuel de Falla, e as "Canções Negras", de Xavier Montsalvatge. Depois de amanhã, vale ressaltar as incursões cancioneiras de compositores italianos de ópera da fase do bel canto, como Bellini e Donizetti. "Algumas destas canções estão esquecidas, o que é uma pena, porque se trata de obras de grande beleza e dificuldade técnica", diz.

RAMÓN VARGAS (TENOR); MZIA BAKHTOURIDZE (PIANO) Quando: hoje e quinta, às 21h
Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, tel. 3256-0223)
Quanto: R$ 100 a R$ 200 (R$ 10 para estudantes, 30 minutos antes dos concertos)



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