São Paulo, quarta-feira, 23 de maio de 2007

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Cinemateca apresenta ciclo para amantes de produções de boxe

"Nocaute: O Mundo do Boxe" tem títulos de Kubrick e Scorsese, entre outros

Divulgação
"Rocco e Seus Irmãos", de Luchino Visconti


SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Chamar de esporte uma disputa em que um sujeito enche o outro de socos -eventualmente, provocando desfigurações e até a morte do adversário- diz muito a respeito de como a sociedade contemporânea ainda se mantém ligada a rituais bárbaros de consumo popular.
No universo dessas competições, o boxe conserva a aura mais nobre. É provável que o cinema tenha um pouco a ver com isso, ao lhe reservar tratamento privilegiado, com inúmeros filmes dispostos a encontrar, nos ringues e seus personagens, correspondências expressivas com os dramas do mundo além-cordas.
Alguns dos melhores exemplos dessa abordagem romântica estão no ciclo "Nocaute: O Mundo do Boxe", que tem início hoje e prossegue até 17 de junho na Sala Cinemateca. Grande parte dos filmes será exibida em DVD.
A programação traz 22 longas de ficção, incluindo obras de pesos-pesados como D. W. Griffith, Alfred Hitchcock, John Ford, Stanley Kubrick, Luchino Visconti, John Huston, Martin Scorsese e Clint Eastwood.
Para o espectador que não morre de amores pelo esporte, esse é o segmento mais amistoso do ciclo. De "O Lírio Partido" (1919), de Griffith, até "Menina de Ouro" (2004), de Eastwood, faz-se um apanhado significativo de como o boxe emoldurou jornadas rumo à sarjeta ou à redenção -e, em casos como o de "Touro Indomável" (1980), de Scorsese, às duas coisas.
Em quase todos eles, um olhar simpático é lançado aos lutadores, e outro, bem corrosivo, aos empresários e demais abutres que circulam nos bastidores; a manipulação de resultados é uma tecla em que se bate constantemente.
De acordo com o universo construído por essa representativa seleta de filmes, eis um ambiente sujo do qual é difícil sair com as mãos limpas -e não é de sangue que se fala aqui.
O ciclo traz um bocado de outras atrações, no entanto, para os que acompanham e admiram o boxe. São curtas, cinejornais e documentários que tratam de lutas clássicas e de personagens caros à mitologia dos ringues, como "Quando Éramos Reis" (1996), de Leon Gast, que reconstitui o confronto entre Muhammad Ali e George Foreman no Zaire, em 1974.

Jofre
O brasileiro Eder Jofre está em "Quebrando a Cara" (1986), de Ugo Giorgetti ("Boleiros"), e em "Eder Jofre - O Grande Campeão" (2004), de Beto Duarte.
Outro ídolo nacional, Adílson Rodrigues, é o protagonista de "Maguila" (1987), de Galileu Garcia Jr., enquanto pugilistas do morro do Cantagalo, no Rio de Janeiro, estrelam "Me Erra!" (2002), de Paola Leblanc. Socos para todos os gostos.


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