São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009 |
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Crítica/cinema/"Rindo à Toa" Comédia lança olhar generoso sobre jovens
RONI FILGUEIRAS COLABORAÇÃO PARA A FOLHA "Rindo à Toa" está para a adolescência desta primeira década do século 21 assim como "O Diário de Bridget Jones" esteve para a geração de 30 anos, no fim da década passada. Em ambos, o que rola na tela é uma crônica bem-humorada das dificuldades amorosas do sexo feminino. Mas a diretora Lisa Azuelos, que também assina essa comédia de costumes, amplifica a discussão, somando o conflito de gerações às pendengas amorosas. Numa Paris moderna e multirracial, Lola (Christa Theret) ainda não chegou à maioridade, não desgruda do celular e planeja perder a virgindade com o namoradinho da estação. Enquanto troca confidências via laptop com as amigas, Lola enche páginas do diário com suas indecisões amorosas, as brigas com a mãe Anne (Sophie Marceau, sempre ótima e lindíssima) e os planos para a próxima festinha regada a sexo, drogas, ansiolíticos e rock. Lola também é uma ácida cronista dos dramas de suas amigas -seus comentários aparecem em "off" num recurso eficiente e divertido de Azuelos, que, por vezes, usa ferramentas gráficas, imprimindo um ritmo de HQ ao filme. Divã O caldo entorna quando mamãe Anne, recém-divorciada e que mantém encontros secretos com o ex-marido, descobre acidentalmente o diário da filha. E, claro, vai parar no divã com uma crise ética e de consciência. Estamos, afinal, diante de um filme francês. O elenco é um dos trunfos do filme. Os jovens atores interpretam os tipos mais comuns de adolescentes: os rapazes que ambicionam ser um "rock star", a garota que não assume o namorado nerd, a promíscua, a filha de mãe viciada em pílulas e a romântica. A própria Marceau estreou no cinema aos 14 anos num filme de Claude Pinoteau, "La Boum - No Tempo dos Namorados", em que era uma jovem que descobria o amor, em meio à crise conjugal dos pais. O painel montado pela cineasta de 43 anos (filha da veterana atriz Marie Laforêt e casada com o diretor-ator-produtor Patrick Alessandrin) quer discutir ainda as expectativas e as mentiras construídas em família, tanto do lado dos jovens quanto daqueles que deveriam ser seus espelhos de conduta. Não espere grandes análises comportamentais. O mérito de "Rindo à Toa" é costurar tudo de modo fluido. Os jovens continuam os mesmos, nós continuamos a viver como nossos pais (mas não sem uma dose extra de culpa e autocrítica). E a diretora trata tudo em "Rindo à Toa" com uma generosidade de colo de mãe, lançando um olhar agudo e sem preconceitos para a juventude contemporânea. Tudo muda para continuar o mesmo. RINDO À TOA Direção: Lisa Azuelos Produção: França, 2008 Com: Sophie Marceau, Christa Theret, Jérémy Kapone Onde: no Frei Caneca Unibanco Arteplex 7 Classificação: 16 anos Avaliação: bom Índice |
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