São Paulo, domingo, 23 de agosto de 1998

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EXIBI€ÃO
Cinema se rende ao "conceito Multiplex'

Empresas devem abrir mais 440 salas exibidoras no país até o final do ano, apostando em maior crescimento das bilheterias e da economia

João Wainer/Folha Imagem
Saguão do Cinemark no SP Market, em São Paulo, que possui 10 salas stadium; o grupo foi, em 1997, o primeiro a inaugurar um multiplex no Brasil


PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha

O Brasil está na mira. Pelo menos para cinco grupos empresariais que devem abrir 440 novas salas de cinema até o final do próximo ano, fruto de investimentos que podem movimentar cerca de R$ 500 milhões.
Isso significa que as antigas salas de exibição que existiam nas grandes cidades estarão dando espaço aos novos complexos de salas de cinema, os multiplex, que agregam várias salas num mesmo lugar, com filmes em vários horários diferentes e ampla variedade de serviços (leia texto ao lado).
PlayArte, UCI (da Paramount/Universal), Cinemark, Paris Filmes e Hoyts General Cinemas South America. Esses são os grupos que estão acreditando no crescimento das bilheterias brasileiras, esperando engordar os investimentos no setor de exibição. O discurso de todos é semelhante, o de que a economia brasileira é estável e seu mercado está aberto a novos produtos, algo que nunca ocorreria com uma economia fechada.
A última a tentar um lugarzinho é Hoyts General, uma união das empresas GC Companies Inc. (que opera 169 complexos multiplex nos Estados Unidos) e Hoyts Cinema Group (empresa australiana com redes de salas na Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Méxicos e alguns países europeus).
Na verdade, o "lugarzinho" que o grupo tenta assumir é considerável. Seus planos incluem a abertura de 500 salas na América Latina até 2003. Até o final de 99, o investimento de R$ 293 milhões incluirá 250 salas-a maioria em solo brasileiro, num custo médio de US$ 1 milhão por sala.
A Cinemark, a primeira a abrir no país um "shopping de cinema" (outro nome pelo qual os multiplex também são conhecidos) no ABC Plaza Shopping - Santo André, em outubro de 97, tem como estandarte as salas "stadium" e ostenta mais de 80 salas em funcionamento, número que será ampliado para mais de cem salas até o final de 1999.
A UCI Paramount/Universal, empresa distribuidora e gerenciadora de canais de TV e outros serviços nos Estados Unidos, entrou há cerca de dois anos na área de exibição no Brasil e já tem complexos em Curitiba, Salvador, Ribeirão Preto e Recife. Em São Paulo, a empresa estuda um local de instalação na cidade e, em Guarulhos, as metas já confirmam a abertura de 15 salas até fevereiro.
O grupo Paris Filmes, detentor de uma ampla cadeia de cinemas, trocou o nome de várias de suas salas por Cineplex.
"Há mais de dois anos decidimos mudar os nomes. Multiplex não é um conceito novo, significa apenas melhorias técnicas que toda a geração de cinemas vai recebendo. E nossas salas tiveram isso. Assim, posso dizer que o primeiro multiplex brasileiro foi aberto por nós em Brasília, há 12 anos. Fomos, também, os primeiros a entrar nos shoppings com várias salas", diz Márcio Fracaroli, diretor de marketing do grupo.
Mais 180 salas
A empresa ainda não pode precisar o quanto será investido.
A PlayArte, que comprou o tradicional Circuito Sul (Liberty, Iguatemi etc.) em 96, tem 40 salas abertas e espera aumentá-las em 180 salas, em 15 complexos. O diferencial, segundo o próprio grupo, fica na brasilidade do projeto.
Há negociações em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre, reforçando mais uma vez a idéia de que não é apenas a Grande São Paulo que está sendo invadida por esse conceito.



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