São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 2002

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CINEMA

Filme de M. Night Shyamalan, diretor de "Sexto Sentido" e "Corpo Fechado", estreou na última sexta em São Paulo

Gibson se identifica com pastor de "Sinais"

Divulgação
Cena de "Sinais", longa em que Mel Gibson interpreta um viúvo que vive com seus dois filhos em uma fazenda onde um dia aparecem misteriosos e gigantescos círculos marcados no chão


ADRIANE GRAU
FREE-LANCE PARA FOLHA, EM LOS ANGELES

Franzindo o cenho, estreitando os olhos e sorrindo, tudo ao mesmo tempo, o ator Mel Gibson, 46, admite que tem várias coisas em comum com o personagem que interpreta em "Sinais".
Ele também é pai, tem uma fazenda em Montana e se confessa um pouco medroso. Mas foi o fato de também ter um dia perdido a fé (aos 17 anos) e a reencontrado aos 35 que o fez entender o pastor Graham Hess, que ele faz no filme.
"É muita falta de humildade deixar de acreditar em Deus", diz ele. "Ninguém está preparado para admitir que seu destino não depende de você."
As filmagens de "Sinais", que estreou na última sexta em São Paulo, começaram exatamente no dia seguinte aos ataques terroristas de 11 de setembro.
No set, que ficava a apenas 90 minutos da fumaça e do pesar que se espalharam por Manhattan, o elenco fez uma roda e acendeu velas antes de começar a trabalhar.
O choque que pairava no ar inspirou Mel Gibson a encarnar um personagem que também está em choque. Após ter perdido a esposa num súbito e fatal acidente, o pastor Graham Hess parece um morto-vivo. Não liga para os filhos. Mal fala com os vizinhos.
Apenas quando tem de lidar com os extraterrestres que invadem sua lavoura, deixando misteriosos e gigantescos círculos marcados no chão, ele reage.
Gibson acha que, ao contrário de seu personagem, o mundo não entende a enrascada em que está. Para ele, nem mesmo os ataques de 11 de setembro de 2001 ajudaram a abrir os olhos das pessoas.
"Ainda há muita raiva por toda parte. Isso infelizmente está puxando o mundo inteiro para baixo", afirma.
"Quando as pessoas têm que escolher um lado para lutar, as coisas tendem a ficar piores. Mas tenho esperança de que ainda haja uma resolução pacífica."
Durante tempos tão complicados, Gibson confessa que prefere se retrair do mundo e ficar mais próximo da família. Ele tem sete filhos e é casado com Robyn, 46, há 22 anos.
Algumas das melhores cenas do filme são as que trazem seu personagem lidando com os filhos. Ele conta que usou a experiência como pai para construi-las.
"O melhor método é buscar dentro de si mesmo para encontrar a essência de cada situação", diz o ator.
Quando "Sinais" foi lançado nos Estados Unidos, em agosto, a revista "Newsweek" comparou o diretor M. Night Shyamalan, que tem apenas 32 anos, a Steven Spielberg, 57.
Apesar de achar qualquer comparação injusta com o talento dos dois, Gibson confessa ter ficado impressionado com a capacidade de Shyamalan em passar à equipe o que quer em cada cena. "Seus roteiros têm instruções específicas sobre quase tudo", conta. "Ele sempre tem uma idéia muito específica sobre o que quer fazer e o faz com muito cuidado."


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