São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rosana Palazyan expõe momentos de transformação

Em mostra na galeria Leme, histórias de ex-moradores de rua são apresentadas dentro de pequenos casulos de tecido

Abertura terá presença de biólogos; espectadores serão convidados a fazer parte de um "ritual" e a se colocar "no lugar do outro"


Nilton Fukuda/Folha Imagem
A artista prega um casulo na parede; ao todo, são mais de cem "brotando" dos orifícios da Leme


GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao entrar na galeria Leme, a primeira visão é a da imensidão do concreto, o pé-direito alto do projeto de Paulo Mendes da Rocha. A obra que Rosana Palazyan expõe no local a partir de hoje precisa ser procurada com olhos atentos, brota dos pequenos orifícios do chão e das paredes, está "escondida".
Em diversos formatos, pequenos casulos de tecido branco ocupam estes "buraquinhos" discretos; no chão, também de concreto, pequenas ervas daninhas foram plantadas nos últimos dias. Continuação do trabalho que apresentou na Bienal de 2004, esta nova instalação mantém a relação com moradores de rua paulistanos. Se em 2004 as narrativas pessoais colhidas na rua se transformavam em pequenos textos de seu "Realejo", essa nova fase encerra o processo narrativo para dar lugar a um modo de representação mais sutil, quase abstrato.
"Depois de conversar com esses moradores, passei a me perguntar sobre a possibilidade de transformação, de mudança", diz a artista. Em sua busca, Palazyan encontrou dez histórias de pessoas que há mais de um ano haviam deixado as ruas e viviam sob nova condição -com moradia, emprego etc. Assim, dentro de dez dos cerca de cem casulos apresentados, uma "metamorfose" acontece: eles carregam dentro de si um outro pedaço de tecido fino sobre o qual foram bordadas linhas. O que representam? São as linhas da mão destas dez pessoas "transformadas".
"O fundamental deste trabalho é o encontro com o outro", diz a artista, que armou tudo para que a data da abertura coincidisse com a entrada da primavera. Na abertura, um ritual com a presença de biólogos pretende tornar esse "encontro com o outro" mais intenso. O tecido com as linhas do destino será colocado delicadamente sobre a mão dos espectadores.

ROSANA PALAZYAN
Quando:
abertura hoje, a partir das 11h (intervenção às 12h); de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb, das 10h às 17h; até 20/10
Onde: galeria Leme (r. Agostinho Cantu, 88, tel. 3814-8184)
Quanto: entrada franca


Texto Anterior: Osesp encena tragédias e comédias
Próximo Texto: Artes plásticas: Regina Silveira cria instalação na Pinacoteca
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.