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HOMENAGEM
Evento organizado pelo irmão, José Celso, acontece hoje no Oficina
Leitura lembra dez anos da
morte de Martinez Corrêa
CECÍLIA SAYAD
da Redação
Em 1987, ano em que foi assassinado, o diretor, autor e ator Luiz
Antonio Martinez Corrêa encenou, com os seus alunos da Unirio
(Fundação Universidade do Rio de
Janeiro), um espetáculo nô intitulado "Taniko - Rito do Vale".
Hoje, dez anos depois da morte
de Luiz Antonio, seu irmão, José
Celso Martinez Corrêa, realiza,
com a participação de cerca de 20
artistas, uma leitura da peça nô,
escrita pelo japonês Zenchiku
(1405-1568).
O horário é o mesmo da morte de
Luiz Antonio: 14h30. O evento será
gratuito e aberto ao público, que,
segundo Zé Celso, vai ler a parte do
texto que cabe ao coro.
O diretor definiu a leitura como
uma "oração pública" para seu
irmão, assassinado com cem facadas em seu apartamento no Rio,
no dia 23 de dezembro. Ele também está realizando apresentações
de "Ela", de Jean Genet, em homenagem a Luiz Antonio.
Em entrevista à Folha, concedida no último dia 9, o diretor disse
que, pouco antes de morrer, Luiz
Antonio estava trabalhando num
projeto para colocar em cena a peça "Lulu - O Espírito da Terra",
de Widekind.
A personagem, que também inspirou o filme "Lulu - Caixa de
Pandora" (1928), de Georg Wilhelm Pabst, é assassinada a facadas pelo lendário Jack, o Estripador na noite de Natal.
"Ele (Luiz Antonio) queria
montar a peça porque desejava libertar Lulu dessa maldição. Ou seja, essa mulher absolutamente livre do começo do século foi presa,
ficou coagulada nesse assassinato.
E Luiz Antonio queria, com sua
montagem, libertar esse mito. Mas
aconteceu a mesma coisa com
ele", disse Zé Celso.
Hoje, à mesma hora, na Casa de
Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro, acontece a leitura da peça
"Aquele que Diz Sim, Aquele que
Diz Não", de Brecht, também em
homenagem ao diretor e ator assassinado.
Depoimentos
A Folha conversou no final de
semana com algumas das pessoas
que trabalharam e conviveram
com Luiz Antonio Martinez Corrêa. Nos depoimentos de Elba Ramalho, Vera Holtz, Maria Alice
Vergueiro, Cacá Rosset e Cida Moreira, ele foi definido como extremamente jovial e bem-humorado.
"Ele parecia uma criança, era
uma pessoa que tinha uma alma
muito jovem e uma sabedoria profunda", disse a cantora Elba Ramalho.
"A gente tinha um humor muito
parecido, ele era sempre bem-humorado, era um ator muito engraçado", declarou o diretor teatral
Cacá Rosset.
"Meu primeiro trabalho com direção foi como assistente dele em
75, na peça 'Sai de Mim, Tinhoso'", explicou.
Luiz Antonio esteve presente
também no início da carreira de
Vera Holtz.
"Ele era muito alegre, um pequeno Brecht, um homem muito
bem informado, muito culto e que
tinha um gosto muito particular",
afirmou.
"Tenho uma lembrança extremamente boa e carinhosa dele",
disse a atriz Maria Alice Vergueiro.
"A última vez que o vi, ele estava
tão bonito, estava ficando com a
cabeça branca."
Evento: leitura da peça "Taniko - Rito do
Vale"
Quando: hoje, às 14h30 (o teatro estará
aberto a partir das 13h30, e a leitura
começa rigorosamente no horário)
Onde: teatro Oficina (r. Jaceguai, 520, tel.
606-2818
Quanto: entrada franca
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