São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 2002

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CRÍTICA

Divertida, comédia entretém as crianças

MÔNICA RODRIGUES DA COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

Um elenco de primeiro time está reunido numa comédia divertida para entreter as férias das crianças. Apesar de "Pequenos Grandes Astros" provocar a sensação de déjà vu da maioria da produção de qualidade média para o público infantil: roteiros parecidos, cenas previsíveis, com ações que o espectador prevê e logo mais confirma a ocorrência.
É assim com "Meu Papai É Noel 2", que está nos cinemas, ou com "O Planeta do Tesouro", que entrará em cartaz em 10 de janeiro. É raro a indústria cultural alcançar a excelência de desenhos animados antológicos dos estúdios Disney, como "Branca de Neve e os Sete Anões", ou de recriações como "Shrek".
É ilusão ter a expectativa de que vá surgir uma "Emília no País da Gramática" (Monteiro Lobato) ou um "Peter Pan" (James Barrie) a cada verão. De qualquer modo, mal não faz.
"Pequenos Grandes Astros" tem a vantagem de tocar em temas que são motivo de angústia infantil: pobreza, orfandade, preconceito. Calvin (Lil" Bow Wow) é negro, baixinho, pobre e sonha em ser jogador de basquete. Vende bala com os amigos nos faróis, em cenas que poderiam estar em filmes brasileiros, argentinos, norte-americanos.
O personagem mora num orfanato onde um diretor de caráter duvidoso e péssimo educador ignora o mais importante: a disputa feroz entre as crianças da instituição. Vive numa sociedade competitiva, cruel, antiética.
Um dia, ele e seu melhor amigo, Murph (Jonathan Lipnicki), encontram um par de tênis com as iniciais "M.J.". Era o elemento mágico que faltava. Ou será o "objeto transformacional" de que fala Melaine Klein? Calvin só joga com os tênis e até dorme com eles. As aventuras maravilhosas só acontecem depois desse evento, iguais às dos contos de fada.
Calvin entra para um time de basquete profissional que estava numa fase ruim, conquista vitórias, fica rico e ainda consegue ser adotado, junto com Murph, por Tracey, seu instrutor no time (Morris Chestnut).
O mérito do filme é a atuação desses profissionais da arte de dramatizar, que conseguem transformar a banalidade de um sonho de infância, impossível de ser realizado (ninguém acredita mais em "self-made men"), em canções de ritmo ágil (o filme é rap) e jogadas sensacionais, mesmo para um leigo no esporte.
Uma das melhores cenas é a lição de casa feita nas paredes da mansão de Tracey, quando ele ensina geometria a Calvin tomando o basquete como metáfora.


Pequenos Grandes Astros
Like Mike

   
Direção: John Schultz
Produção: EUA, 2002
Com: Lil' Bow Wow, Robert Foster



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