São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2006

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Restaurante Puri reúne descolados nas segundas

Antigo formato hippie, sarau caiu no gosto dos modernos e inclui leituras de poesia, performances, showzinhos e vídeo

Auge do evento é o show da cantora Anna Gelinskas, uma das "top hostess" de São Paulo, que se aventura no jazz e na música francesa

João Sal/Folha Imagem
O Puri, na rua Augusta, que reúne DJs, promoters, escritores, gente da moda e do cinema


ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem passa pela rua Augusta numa noite de segunda-feira não imagina que, no final de um corredor estreito, quase em frente ao Cinesesc, a três quadras da av. Paulista, se esconde um restaurante onde rola uma das noites mais descoladas da cidade. Há três meses, DJs, promoters, escritores, gente da moda, das artes plásticas, do cinema e do teatro se reúnem no Puri para um sarau.
Isso mesmo: esse formato tão hippie agora é "hype" e caiu no gosto dos modernos, que se amontoam entre as mesas do pequeno espaço para acompanhar leituras de poesia, performances, showzinhos e projeções de vídeo, numa atmosfera de festinha entre amigos.
Se acontecesse em qualquer outro dia da semana, o ambiente seria um perfeito "warm up" -o aquecimento pré-festa- para cair na balada mais tarde. Mas um dos charmes do sarau está exatamente no fato de ser numa noite em que poucos se arriscam a ficar até altas horas na rua.
O encontro começa entre cervejas e petiscos e vai esquentando com as apresentações. O melhor momento é o show da cantora Anna Gelinskas, uma das "top hostess" de São Paulo, que veste um modelão sensual e solta a voz cantando jazz, música francesa e afins.
"É uma noite voltada para a arte. Qualquer tipo de arte", explica seu idealizador, Heitor Werneck. "Esse formato é bem anos 80. Naquela época, éramos obrigados a botar a criatividade para fora", diz ele.
Heitor Werneck faz questão de ressaltar que o DJ não é o principal atrativo do sarau -ainda que ele esteja lá, tocando de tudo. "Acho que está saturado", acredita. "Só deixo tocar quando sei que o trabalho é experimental."
Quem freqüenta aprova. "As noites estão presas a gêneros musicais e aqui não tem isso", defende a artista plástica Yaya Pagh, 26. "É um lugar bom para trazer gatinhos, amigos, comer...", fala.
"Achei diferente do que rola em São Paulo. Essa fusão de teatro, música, performance é uma coisa inovadora", comenta o DJ Adriano Suares, 32.
Estreante no Puri na noite em que a reportagem da Folha esteve lá, a atriz Luciana Cruz, 33, estava "adorando": "Gente como eu, que passou dos 30, precisa de um lugar para nossa faixa etária, com pessoas que têm um poder aquisitivo maior, e que seja mais confortável e bem decorado".
O sarau até já inspirou outras "obras", como um curta-metragem que surgiu num bate-papo local. "Começamos a conversar sobre isso e, na outra semana, o roteiro estava pronto", explica o escritor Douglas Drummond, 35, que divide o projeto com Heitor Werneck, Anna Gelinskas e outros amigos. Como todo "hype", resta agora apostar quanto tempo o do Puri vai durar.

PURI
Onde:
r. Augusta, 2.052, tel. 0/xx/ 11/ 3062-4429; às 22h. Ingr.: R$ 4



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