DA REPORTAGEM LOCAL

Caetano Veloso, 60, homenageia seus afilhados musicais no show gratuito que faz hoje, às 16h, no parque Ibirapuera, dentro do projeto "Pão Music 2002". O rapper MV Bill e a sambista Mart'nália, ambos celebrados por Caetano e lançados pela gravadora de sua mulher, fazem participações especiais no show.
MV Bill deve cantar "Haiti", de Caetano e Gil, e "Só Deus Pode me Julgar", dele mesmo. Mart'nália tira duas canções do álbum que lançou neste ano sob direção musical de Caetano, "Pé do Meu Samba" e "Chega".
Se não houver segredo guardado, é o que deve haver de novidade na apresentação. O repertório do show seguirá, segundo a assessoria do cantor, o roteiro da turnê anterior de Caetano, "Noites do Norte" (2000/2001).
Pode ser a última exibição de "Noites do Norte" em São Paulo (e no Rio, onde o show se repete amanhã, no posto 3 da praia de Copacabana), pois deve chegar às lojas na próxima semana o novo disco de Caetano, "Não Peço Desculpas", gravado em parceria com Jorge Mautner.
O projeto começou em junho, com apresentação de Gal Costa (com participação de Ed Motta), e prevê outros dois shows com artistas baianos da geração de Caetano mais convidados. Gilberto Gil se integra ao projeto em outubro, e Maria Bethânia, em novembro. Os convidados não estão definidos.

Doces Bárbaros
A ambição maior do projeto é terminar a série, em dezembro, com um show conjunto dos quatro artistas, numa reunião do grupo que eles formaram em 76 e denominaram Doces Bárbaros.
Embora ninguém admita abertamente, estão em curso negociações para a transformação do projeto num disco de retorno do grupo.
A gravadora de Caetano, Universal, acaba de relançar a obra de Gal Costa, dentro de sua série "Tudo", mas, a despeito do título, deixou o álbum duplo "Doces Bárbaros" (76) de fora.
"A gente não considera que esse álbum seja da discografia de Gal. Estamos segurando esse disco por outras razões", desvia-se o presidente da Universal, Marcelo Castello Branco. Ele se cala quanto a qualquer negociação com os Doces Bárbaros e não confirma que a gravadora fará um novo volume: "Não sei, é possível. Mas é claro que a gente se credencia a isso se eles quiserem".
Para que tal acontecesse, seriam necessários acordos com as gravadoras de Gil (Warner), Gal (BMG) e Bethânia (a independente Biscoito Fino). Se um eventual disco saísse por outra gravadora que não a Universal, seria o primeiro de Caetano fora de casa desde seu LP de estréia, em 67.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)