São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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Crítica

Feito para TV, "Um Crime Americano" oscila entre o documental e o ficcional

Divulgação
Elle Page e Catherine Keener em cena de "Um Crime Americano"


SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

S e "Um Crime Americano" fosse idéia de um roteirista, haveria quem o acusasse de oportunismo por imaginar trama que envolve desequilíbrio psíquico, fragilidade emocional, dificuldades financeiras, paternidade irresponsável, gravidez precoce, fanatismo religioso e sadismo infanto-juvenil.
Perto do que crianças e adolescentes fazem ali, o que hoje se considera "bullying" seria inocente. A história recriada pelo filme, no entanto, é verídica: o diretor Tommy O'Haver ("Uma Garota Encantada") e sua co-roteirista Irene Turner trabalharam sobre os registros legais do "caso Gertrude Baniszewski", ocorrido em 1965, em Indianápolis.
Duas irmãs adolescentes (Ellen Page, de "Juno", e Hayley McFarland) são deixadas por algum tempo pelos pais, que viajam com um circo, aos cuidados de Gertrude (Catherine Keener, de "Quero Ser John Malkovich" e "Capote"). Ela parece alguém de confiança: vai à igreja, cuida sozinha de sete filhos, trabalha como passadeira de roupas.
Gertrude hospeda as irmãs em troca de US$ 20 semanais. Seus sete filhos se entendem bem com as visitas e tudo caminha em direção a um período de alegre convivência suburbana entre crianças e adolescentes em doce lar norte-americano, mas o que vem depois é uma viagem estarrecedora a partes sombrias da natureza humana.
O impacto da história é superior, contudo, à maneira encontrada para recontá-la. Produzido para a TV, "Um Crime Americano" dá a impressão de não saber direito como lidar com tamanho vespeiro ético (o que mostrar e o que esconder?) e oscila entre uma adaptação de abordagem documental e uma leitura mais livre do que, de fato, ocorreu.

Avaliação: regular


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