São Paulo, segunda-feira, 24 de setembro de 2007

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Virtuose do violino faz recitais em SP

Giuliano Carmignola revolucionou execução do repertório de Vivaldi, recuperando sua teatralidade

Harald Hoffmann/Divulgação
A Orquestra Barroca de Veneza, que acompanha o violino de Carmignola em quatro apresentações no teatro Cultura Artística


IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Querido do grande público pela felicidade melódica e eloqüência retórica de suas composições, o padre veneziano Antonio Vivaldi (1678-1741) será executado, em São Paulo, por um de seus mais fascinantes intérpretes da atualidade: o violinista italiano Giuliano Carmignola, 56.
Carmignola esteve por aqui em 2004, com o mesmo grupo que o acompanha agora: a Orquestra Barroca de Veneza, dirigida por Andrea Marcon. Foram apresentações sedutoras, de um violinista que começou sua trajetória pelo violino moderno, antes de chegar à escola de execução do repertório do século 18 com instrumentos de época.
"Ainda toco, com violino moderno, compositores como Ravel e Alban Berg", conta. "Cheguei ao arco barroco e às cordas de tripa no final dos anos 80, estimulado por amigos que me fizeram ler os tratados que explicavam a execução da música antiga."
Até então, a execução com violino moderno de Vivaldi tinha pouca variedade de dinâmica: como as partituras do compositor trazem escassas instruções a esse respeito, os executantes tocavam simplesmente em "forte" ou em "piano", sem outras nuanças, e fazendo vibrato o tempo todo.
A interpretação "historicamente informada" revolucionou a performance deste repertório, recuperando a teatralidade que perpassa até a música instrumental de um autor que escreveu dezenas de óperas.
Carmignola enumera as características estilísticas dessa nova leitura de Vivaldi: uso contido do vibrato, riqueza nas articulações, variedade de dinâmica, incisividade rítmica e tempos vivazes. E uma atenção especial aos movimentos centrais dos concertos, em andamento lento, que, por vezes, se assemelham a árias de óperas.
"Vivaldi tem uma música imediata, que chega direto ao coração", afirma. "Seus adágios trazem todas as cores das lagunas venezianas."
Do disco "Concerto Veneziano", lançado pela Deutsche Grammophon, ele toca ainda o "Concerto em Lá Maior", de Giuseppe Tartini (1692-1770), cujo domínio do violino era tão grande que, em sua época, corria a lenda de que ele tinha seis dedos na mão esquerda. Enquanto as apresentações de hoje e amanhã fazem parte da série da Sociedade de Cultura Artística, o concerto de quarta-feira é beneficente à entidade filantrópica Ação Comunitária.

ORQUESTRA BARROCA DE VENEZA
Quando:
de hoje a quarta, às 21h
Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, tel. 3258-3344)
Quanto: de R$ 80 a R$ 180 (R$ 10 para estudantes até 30 anos, meia hora antes dos concertos)


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