Cafe de los Maestros faz apresentações hoje e amanhã em São Paulo; grupo chega desfalcado de principais estrelas

Entre os destaques está o bandeonista Leopoldo Federico, 82; ausências sentidas são as de Mariano Mores e Virgínia Luque

SYLVIA COLOMBO
EDITORA DA ILUSTRADA

Alguns já morreram, outros não puderam viajar por conta de limitações de saúde. Ainda assim, a trupe do Cafe de los Maestros que se apresenta hoje e amanhã em São Paulo traz uma amostra considerável do projeto criado pelo produtor argentino Gustavo Santaolalla, 57, que já virou CDs, filme, turnê e, logo, uma cadeia de bares temáticos em várias cidades.
O Cafe de los Maestros reúne músicos veteranos, muitos deles já aposentados quando a ideia foi concebida. O objetivo era resgatar o período de ouro das orquestras de tango argentinas dos anos 40 e 50. Quando o filme chegou ao Brasil, havia certa desconfiança de que poderia fazer sucesso, pois a lista dos artistas era um tanto desconhecida para não aficionados do gênero.
Porém, deu-se o contrário. Santaolalla comentou o êxito em entrevista à Folha. "As pessoas se comovem não só pela música. A questão da idade dos artistas impressiona. Creio que quando as pessoas veem aqueles velhinhos fazendo apaixonadamente o que gostam, pensam "por que estou trabalhando num escritório sem graça e não aproveitando a vida?"."
Entre as ausências que serão sentidas para quem acompanha o Cafe desde o começo, estão Mariano Mores e Virgínia Luque, adoentados, e Carlos García e Lágrima Ríos, mortos. O destaque será a presença do bandeonista Leopoldo Federico, 82, e do cantor Alberto Podestá, 85, entre outros.
Santaolalla chama a atenção para o espírito geral do grupo. "Naquela época, o mundo do tango era de individualismo e competição entre os artistas. O Cafe mudou isso, há um ambiente de convivência muito afetiva. Os anos passados e as experiências vividas mudaram essas pessoas", conclui.