São Paulo, sábado, 24 de novembro de 2007

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Artista busca a beleza dentro da rotina e do banal

Débora Bolsoni ganha mostra na galeria Marília Razuk, exibindo objetos que oscilam entre o artesanal e o massivo

Carioca radicada em São Paulo também está em cartaz no "Panorama", no MAM, com um quebra-molas realizado com paçoca

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Débora Bolsoni, 32, busca, em sua primeira exposição individual na galeria Marília Razuk, em São Paulo, um reconhecimento da beleza na rotina. A carioca radicada em São Paulo apresenta na mostra "Mudança de Lugar" objetos cotidianos retirados de seu contexto e que formam um ambiente "em suspensão", diz ela.
"É como se eles fossem pegos no susto", diz Bolsoni, explicando que montou a exposição especialmente para o espaço físico da sala principal da galeria.
Formam o conjunto uma janela de alumínio na entrada do espaço, uma fotografia de um boneco de pebolim, uma espécie de mureta formada por blocos de anotação, um pequeno tapete que imita o desenho de um ralo e uma caixa branca.
Além disso, 80 cuias de alumínio, com um poema inscrito em sua superfície, servirão de recipiente para a sopa de beterraba que será servida nas primeiras horas da inauguração, que começa às 11h.
Com o projeto, Bolsoni reconhece alguns elementos recorrentes em sua obra: a utilização de objetos produzidos em massa, mas que guardam características artesanais; a papelaria; e a comida vista como uma experiência coletiva.
A mureta de blocos, por exemplo, teve inspiração quando a artista viu, nas vitrines de papelarias, diversos arranjos formais dos produtos à venda.
"Ficava encantada com aqueles blocos reunidos em forma de pirâmides, todos colocados cuidadosamente. Na galeria, criei um guarda-corpo artificial que se relaciona com o já existente, que fica do lado de fora."
Os traços artesanais da figura do jogador de pebolim, ampliados em uma imagem fotográfica, expõem um olhar mais detido sobre as coisas banais pretendido por Bolsoni. "Apesar de serem feitos maciçamente, esses traços rudimentares do boneco guardam um tipo de identidade social, assim como papéis usados para embalar, como o manilha [também usado em outras obras pela artista]. Mesmo com os avanços tecnológicos, isso tudo não cai em desuso." O mesmo raciocínio vale para a tapeçaria que imita um ralo.
Bolsoni está também na atual edição do "Panorama", em exibição no MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo), com "Quebra-Molas", estrutura de paçoca que mimetiza o obstáculo de trânsito. Também é aberta na galeria mostra individual de Renato Dib, com fotografias e painéis de tapeçaria.


MUDANÇA DE LUGAR
Quando:
abertura hoje, às 11h; de seg. a sex., das 10h30 às 19h; sáb., das 11h às 15h; até 22/12
Onde: galeria Marília Razuk (r. Jerônimo da Veiga, 62, loja 2, tel. 3079-0853)
Quanto: entrada franca


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