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Artista busca a beleza dentro da rotina e do banal
Débora Bolsoni ganha mostra na galeria Marília Razuk, exibindo objetos que oscilam entre o artesanal e o massivo
Carioca radicada em São Paulo também está em cartaz no "Panorama", no MAM, com um quebra-molas realizado com paçoca
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Débora Bolsoni, 32, busca,
em sua primeira exposição individual na galeria Marília Razuk, em São Paulo, um reconhecimento da beleza na rotina. A carioca radicada em São
Paulo apresenta na mostra
"Mudança de Lugar" objetos
cotidianos retirados de seu
contexto e que formam um ambiente "em suspensão", diz ela.
"É como se eles fossem pegos
no susto", diz Bolsoni, explicando que montou a exposição
especialmente para o espaço físico da sala principal da galeria.
Formam o conjunto uma janela
de alumínio na entrada do espaço, uma fotografia de um boneco de pebolim, uma espécie
de mureta formada por blocos
de anotação, um pequeno tapete que imita o desenho de um
ralo e uma caixa branca.
Além disso, 80 cuias de alumínio, com um poema inscrito
em sua superfície, servirão de
recipiente para a sopa de beterraba que será servida nas primeiras horas da inauguração,
que começa às 11h.
Com o projeto, Bolsoni reconhece alguns elementos recorrentes em sua obra: a utilização
de objetos produzidos em massa, mas que guardam características artesanais; a papelaria;
e a comida vista como uma experiência coletiva.
A mureta de blocos, por
exemplo, teve inspiração quando a artista viu, nas vitrines de
papelarias, diversos arranjos
formais dos produtos à venda.
"Ficava encantada com aqueles
blocos reunidos em forma de
pirâmides, todos colocados cuidadosamente. Na galeria, criei
um guarda-corpo artificial que
se relaciona com o já existente,
que fica do lado de fora."
Os traços artesanais da figura
do jogador de pebolim, ampliados em uma imagem fotográfica, expõem um olhar mais detido sobre as coisas banais pretendido por Bolsoni.
"Apesar de serem feitos maciçamente, esses traços rudimentares do boneco guardam
um tipo de identidade social,
assim como papéis usados para
embalar, como o manilha [também usado em outras obras pela artista]. Mesmo com os avanços tecnológicos, isso tudo não
cai em desuso." O mesmo raciocínio vale para a tapeçaria
que imita um ralo.
Bolsoni está também na
atual edição do "Panorama",
em exibição no MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São
Paulo), com "Quebra-Molas",
estrutura de paçoca que mimetiza o obstáculo de trânsito.
Também é aberta na galeria
mostra individual de Renato
Dib, com fotografias e painéis
de tapeçaria.
MUDANÇA DE LUGAR
Quando: abertura hoje, às 11h; de seg.
a sex., das 10h30 às 19h; sáb., das 11h
às 15h; até 22/12
Onde: galeria Marília Razuk (r. Jerônimo da Veiga, 62, loja 2, tel. 3079-0853)
Quanto: entrada franca
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