São Paulo, quinta-feira, 24 de dezembro de 2009 |
Próximo Texto | Índice
Crítica/cinema/"Encontro de Casais" Comédia desagrada até na comparação com série de TV
Vince Vaughn e Jon Favreau estão no elenco e assinam roteiro pouco inspirado
RICARDO CALIL COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Woody Allen disse certa vez que a vida não imita a arte, e sim os programas ruins da TV. "Encontro de Casais" comprova uma pequena variação dessa máxima: agora, os programas ruins da TV são imitados também pelo cinema. O primeiro filme dirigido pelo ator Peter Billingsley remete a reality shows como "Temptation Island" (que gerou uma versão brasileira, "Ilha da Sedução"), em que casais se hospedam em um lugar paradisíaco ao lado de solteiros atraentes que tentam seduzi-los. "Encontro de Casais" tenta transformar o conceito do reality show em uma ficção cômica. Quatro casais de amigos decidem tirar férias juntos em uma ilha, a pedido de um deles, que está em crise e quer dar uma última chance para a relação. Mas, em vez de passeios de jet ski e banho de sol em espreguiçadeiras, todos precisarão se submeter -a maioria deles a contragosto- a uma exaustiva e heterodoxa terapia de casal, comandada pelo dono do spa da ilha (Jean Reno). O elenco de "Encontro de Casais" reúne bons comediantes (Vince Vaughn, Jon Favreau, Jason Bateman) e belas atrizes (Malin Akerman, Kristin Davis, Kristen Bell). Mas eles não são capazes de dar vida a um roteiro pouco inspirado, a cargo da dupla Vaughn-Favreau. Piadas inofensivas Como disse o crítico americano A.O. Scott, do jornal "The New York Times", "Encontro de Casais" é uma comédia sobre a exaustão matrimonial, mas quem parece mais cansado no filme é seu humor, repleto de situações já abordadas em outros filmes com mais graça e frescor. Até as piadas politicamente incorretas soam inofensivas, porque elas sempre levam, paradoxalmente, à reafirmação da instituição do casamento. Nesse sentido, o filme repete a moral de outras comédias recentes, como "O Virgem de 40 Anos" e "Antes Só do que Mal Casado". Mas nunca iguala a originalidade de Judd Apatow ou dos irmãos Farrelly, diretores dos dois filmes citados, respectivamente. Billingsley ainda tem um longo caminho a percorrer para dominar o timing cômico, as gags visuais, o humor verbal. Ao final, a comparação possível de "Encontro de Casais" é mesmo com os reality shows. E, mesmo assim, o filme sai perdendo, já que não pode nem ostentar a virtude da imprevisibilidade. Avaliação: ruim Próximo Texto: Cinema: "Avatar" é visto por 806 mil brasileiros Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |