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Crítica/"Surpresas do Amor"
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Reese Whiterspoon e VInce Vaughn em cena da comédia 'Surpresas do Amor', de Seth Gordon
Com premissa anárquica, comédia sobre família opta por viés moralizante
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos elementos centrais das boas comédias é o deslocamento.
Subverter a ordem das coisas,
como o Chaplin comendo botas
de "Em Busca do Ouro" ou os
diálogos inusitados de Woody
Allen, cria espaços para que um
clima anárquico seja instaurado e assim se faça o riso.
"Surpresas do Amor" parte
dessa boa premissa ao mexer
com as expectativas do espectador que pode imaginar estar à
frente de mais um filme agradável de Natal, com coadjuvantes de luxo como Robert Duvall,
Sissy Spacek e Jon Voight.
Kate (Reese Witherspoon) e
Brad (Vince Vaughn) desprezam valores estimados pela
maioria. Moram juntos, ridicularizam a ideia de casar ou ter
filhos e inventam desculpas para seus pais ano após ano, já que
odeiam suas famílias e não pretendem passar o Natal junto
deles. Lembram aqueles casais
clássicos do cinema de malvados unidos pelo crime.
Uma eventualidade faz com
que a mentira caia por terra e a
dupla tenha que, assim, enfrentar a realidade. Não gostar da
própria família é algo um tanto
pesado de se abordar no Natal,
época de confraternização. À
primeira vista, tem-se a impressão de que "Surpresas do
Amor" habita o mesmo território dos filmes politicamente incorretos e surpreendentes da
turma da nova comédia americana de Judd Apatow.
A opção do diretor, Seth Gordon, no entanto, é ir e vir na sua
ousadia e, na maior parte das
vezes, optar pelo viés moralista.
Afinal, demonstra o filme, se
não gostam de seus pais, Kate e
Brad terão de passar por uma
espécie de rito de iniciação, já
que irão lutar muito e sofrer para aceitarem seus traumas pessoais. Ah, e, sim, o filme provoca algumas risadas.
(BRUNO YUTAKA SAITO)
Avaliação: regular
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