São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2009

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Crítica/"Surpresas do Amor"

Divulgação
Reese Whiterspoon e VInce Vaughn em cena da comédia 'Surpresas do Amor', de Seth Gordon

Com premissa anárquica, comédia sobre família opta por viés moralizante

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos elementos centrais das boas comédias é o deslocamento. Subverter a ordem das coisas, como o Chaplin comendo botas de "Em Busca do Ouro" ou os diálogos inusitados de Woody Allen, cria espaços para que um clima anárquico seja instaurado e assim se faça o riso.
"Surpresas do Amor" parte dessa boa premissa ao mexer com as expectativas do espectador que pode imaginar estar à frente de mais um filme agradável de Natal, com coadjuvantes de luxo como Robert Duvall, Sissy Spacek e Jon Voight.
Kate (Reese Witherspoon) e Brad (Vince Vaughn) desprezam valores estimados pela maioria. Moram juntos, ridicularizam a ideia de casar ou ter filhos e inventam desculpas para seus pais ano após ano, já que odeiam suas famílias e não pretendem passar o Natal junto deles. Lembram aqueles casais clássicos do cinema de malvados unidos pelo crime.
Uma eventualidade faz com que a mentira caia por terra e a dupla tenha que, assim, enfrentar a realidade. Não gostar da própria família é algo um tanto pesado de se abordar no Natal, época de confraternização. À primeira vista, tem-se a impressão de que "Surpresas do Amor" habita o mesmo território dos filmes politicamente incorretos e surpreendentes da turma da nova comédia americana de Judd Apatow.
A opção do diretor, Seth Gordon, no entanto, é ir e vir na sua ousadia e, na maior parte das vezes, optar pelo viés moralista. Afinal, demonstra o filme, se não gostam de seus pais, Kate e Brad terão de passar por uma espécie de rito de iniciação, já que irão lutar muito e sofrer para aceitarem seus traumas pessoais. Ah, e, sim, o filme provoca algumas risadas. (BRUNO YUTAKA SAITO)


Avaliação: regular



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