São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2007

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Rock ganha as pistas de clubes aos domingos

Com a inauguração de casas e a consolidação de uma noite tradicional, o dia tem várias opções para quem quer dançar

Há nove anos o projeto Grind reúne mais de mil pessoas n'ALôca; recém-abertas, Clash e Astronete recebem público variado

Divulgação
A pista do clube Clash, inaugurado neste mês na Barra Funda, que tem a noite Fuzz aos domingos


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto na música eletrônica o domingo funciona como um prolongamento da noite de sábado, com os chamados "after hours", para o povo roqueiro o dia está se consolidando como uma forte opção para quem gosta de dançar.
Uma das mais tradicionais noites da cidade, o projeto Grind chega a reunir semanalmente mais de mil pessoas que saem de casa para chacoalhar na pista do clube ALôca.
Firme há nove anos, o Grind ganha a companhia de noites em duas novas casas recém-inauguradas em São Paulo: o Clash, na Barra Funda, e o Astronete, na Consolação.
O Clash, que abriu no ultimo dia 8, tem programação eletrônica de quinta a sábado. Aos domingos, acontece a noite Fuzz, em que se pode dançar de novas bandas inglesas a músicas antigas de grupos brasileiros.
No Astronete, o dia foi reservado ao rock de garagem, ao rockabilly e à surf music. Em março, ganha a adição da banda Super Reverb, que fará shows semanais no bar-clube.
"Gosto de sair aos domingos porque há uma maior mistura de público. Além disso, não tem tanta garotada quanto nas noites de sexta e de sábado", diz o editor de filmes Rodolpho Ponzio, 30, que costuma freqüentar as pistas do Clash e d'ALôca.
Para André "Pomba" Cagni, 42, DJ e promoter do Grind, é essa mistura que faz do domingo um dia diferenciado para o público que sai para dançar rock. "Tem gays, lésbicas, heterossexuais, é uma grande miscelânea de tipos. Alguns freqüentadores chamam de missa underground. Eu considero quase uma missão antropológica. É muita gente diferente no mesmo espaço", diz.
E bota gente nisso. O Clash recebeu, no domingo passado, mais de 800 pessoas -o maior público da casa até agora, superior ao dos de sábado e sexta. "Não esperávamos tanta gente", surpreendeu-se um dos sócios do local, André Barcinski.
Os proprietários das casas apontam algumas características do povo domingueiro:
"Há muitas pessoas que trabalham à noite durante a semana, artistas, gente que não acorda cedo na segunda-feira", conta Claudio Medusa, do Astronete. "O público é menor [do que na sexta e no sábado], mas o consumo é alto, um pessoal bom de copo. No sábado, tem gente que bebe apenas uma lata de cerveja à noite inteira."
Criada como uma matinê de tempo curto, com os anos o projeto Grind tornou-se uma maratona de resistência roqueira. Se antes a casa abria das 19h às 23h, hoje dá para ouvir seus DJs tocarem de pop dos anos 80 a rock industrial das 19h às 7h de segunda.
Segundo André Cagni, três fatores contribuíram para o sucesso da noite: "A falta de opções noturnas alternativas, o revival dos anos 80 e a volta do rock às pistas de dança".
"Muita gente diz que eu deveria fazer o Grind de sábado. Mas não seria a mesma coisa. O público mudaria. Quando um feriado cai na segunda-feira, muitos freqüentadores reclamam que vai um pessoal diferente, que não tem relação com o astral da noite."
Para Barcinski, os projetos que ocorrem aos domingos são "uma prova de que não existe mais divisões entre quem gosta de rock e quem gosta de música eletrônica na pista".


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