Universo da luta livre é explorado em gravuras

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

El Santo, Blue Panther, Mr. Niebla, Gigante Silva, Bestia Salvaje. Ídolos no México e desconhecidos no Brasil, astros da luta livre transformam a galeria Olido, no centro de São Paulo, em uma arena onde o artista Demián Flores expõe 66 gravuras que se inspiram em tal universo.
"A luta livre no México não é um esporte, é um teatro. Por isso segue várias regras que fazem dela uma manifestação cultural de características próprias", diz o adido cultural do México no Brasil, Felipe Ehrenberg, responsável pela vinda da exposição -a mostra já passou por Alemanha e Colômbia e estava no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio.
Com uniformes vistosos e "combates" que se baseiam em noções clássicas de bem -com os lutadores técnicos, os heróis- e de mal -lutadores que usam golpes baixos, os "rudos"-, a luta livre ainda é bastante popular no México, lota ginásios e é veiculada pela TV com sucesso.
Flores, um dos mais importantes artistas contemporâneos do México, fundamentou suas obras gráficas nas imagens que povoam esse universo.
Assim, os cartazes chamativos em vermelho, preto e branco, os cadernos de técnicas de golpes dedicados a jovens aprendizes e a representação dos lutadores, cuja estética remete aos super-heróis de HQs, se fundem em gravuras.
"Demián tem uma técnica muito apurada. Usa os elementos das lutas, como o ringue, as figuras mascaradas e a coreografia dos golpes, criando obras que vão do minimal ao pop", diz Ehrenberg.
Exemplo da contenção minimalista é visto em uma bela série, que usa folha de prata em duas figuras que lutam, jogadas contra um fundo negro. Em outros trabalhos, ele cola notícias de jornais relativas à luta livre sobre o plano, relendo técnicas das vanguardas modernistas (no caso, a colagem).
Completam a exposição fotomontagens e videoinstalação de Felipe Nepomuceno, também sobre a luta livre. A partir do dia 9, o Cine Olido e o Centro Cultural São Paulo apresentam ciclo de filmes sobre o tema. No dia 10, haverá debate com Ted Boy Marino, ídolo do telecatch brasileiro.