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Monólogo mostra "parasita" do poder
Em "Mediano", homem tira proveito da máquina pública brasileira por décadas
Monólogo escrito por Otávio Martins celebra 25 anos de carreira do ator Marco Antônio Pâmio; Naum Alves de Souza dirige
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
No dia em que o ator Marco
Antônio Pâmio, 47, estreou
profissionalmente no teatro, na
montagem de "Romeu e Julieta" por Antunes Filho, a emenda Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas para
presidente, foi rejeitada na Câmara. Era 25 de abril de 1984.
Hoje, passados exatos 25
anos, ele apresenta seu primeiro monólogo, "Mediano", em
meio à revelação de irregularidades no uso de passagens aéreas por deputados federais.
Em cena, a partir da história
de um sujeito "sem perspectiva, projeto, a mínima paixão
por nada, enfim, um triunfo de
mediocridade", o ator faz um
caleidoscópio do que (não) mudou nos gabinetes, plenários e
apartamentos funcionais de
Brasília neste quarto de século.
Quando a peça de Otávio
Martins começa, Zé Carlos é
um jovem do fim dos anos 70 à
cata de um concurso público
que lhe dê "estabilidade, moleza, futuro". Aprovado, inicia
carreira na base da pirâmide
hierárquica de uma repartição,
onde logo corre a notícia de seu
tino para maquiar balanços e
prestações de contas.
Não tardará a galgar postos e
se mudar para a capital, na cola
do adversário político de seu
ex-chefe. Será ali arauto da eleição e morte de Tancredo Neves, da inflação dos anos Sarney, da ascensão e queda de
Collor e da reeleição de FHC
-antes de aderir à Lulamania
do começo dos anos 2000.
"Ele vai sendo levado, é sempre um objeto, alguém à sombra de quem está se dando bem,
no poder. Fica com a sobra, o
troco. Nem uma ambição incontrolável ele tem, para elaborar um grande esquema", descreve Pâmio, que é dirigido por
Naum Alves de Souza.
"Zé Carlos é um Frankenstein de Collor, Maluf, Renan
Calheiros e Marcos Valério,
com uma pitadinha de Genoino
e Dirceu", completa o ator.
MEDIANO
Quando: sex., às 21h; sáb., às 19h30; na
sexta, 1º/5, excepcionalmente, às 18h;
até 6/6
Onde: auditório do Sesc Pinheiros (r.
Paes Leme, 195, 3º andar, tel. 3095-9400
Quanto: R$ 12
Classificação: não indicado a menores
de 14 anos
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