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Paul Strand é tema de retrospectiva em SP
Norte-americano, um dos pais da fotografia direta, ganha mostra com cem imagens
Strand marcou a transição da fotografia de imagens inspiradas em pinturas impressionistas para uma exaltação das máquinas
Divulgação
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"A Fazedora de Anjos" (1908), tríptico que é considerado o núcleo da exposição sobre obra do pintor gaúcho Pedro Weingärtner
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Um tropel de milhões de pés,
homens e mulheres de todas as
raças, abala as ruas de Manhattan. Fervem os trilhos e as torres de ferro e mármore erguidas entre correntes velozes.
Quando Paul Strand retratou
a Nova York dos anos 20, rompeu de vez com o pictorialismo,
estilo que enchia as fotografias
até então de cenas bucólicas.
Registrou com olhar de máquina -e os recursos máximos da
câmera- a metrópole em ascensão e abriu caminho para a
chamada fotografia direta.
Mais de cem imagens de
Strand feitas ao longo de 60
anos estão expostas agora no
Museu Lasar Segall. Mostram a
transição de uma fotografia que
tinha como parâmetro a pintura dos impressionistas para a
revolução imagética permitida
pelas lentes mecânicas.
Fotografando com uma câmera escondida, Strand buscava uma verdade crua -a mulher cega pedindo esmola, o
vendedor ambulante. Foi precursor de nomes fortes da fotografia norte-americana, como
Margaret Bourke-White e Walker Evans, e antecipou a estética fotojornalística da agência
Magnum, de Robert Capa, Henri Cartier-Bresson e amigos.
"Ele começa a ter essa franqueza, de olhar as pessoas direto", descreve Heloísa Espada,
curadora da exposição. "É muito austero, super-simples."
"Manhatta", filme de 1921
que está na mostra, dá as coordenadas desse olhar direto e
desse rigor formal, que vai até
as imagens que fez nos anos 50,
quando se exilou na Europa fugido do período macarthista.
Num vilarejo da Sicília, retrata a costureira, o lavrador em
estilo documental. Quase no
fim da vida, nos anos 60, fotografa as máquinas e uma nova
revolução industrial em andanças pela África. Uma refinaria
de petróleo dá ares de Manhattan dos anos 20 a uma cidade de
Gana. Parece fechar a carreira
no mesmo passo apressado que
definiu sua fotografia.
PAUL STRAND
Quando: abertura hoje, às 17h; ter. a
sáb., 14h às 19h; dom., 14h às 18h
Onde: Museu Lasar Segall (r. Berta,
111, tel. 5574-7322)
Quanto: entrada franca
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