São Paulo, sábado, 25 de julho de 2009

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Paul Strand é tema de retrospectiva em SP

Norte-americano, um dos pais da fotografia direta, ganha mostra com cem imagens

Strand marcou a transição da fotografia de imagens inspiradas em pinturas impressionistas para uma exaltação das máquinas

Divulgação
"A Fazedora de Anjos" (1908), tríptico que é considerado o núcleo da exposição sobre obra do pintor gaúcho Pedro Weingärtner

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um tropel de milhões de pés, homens e mulheres de todas as raças, abala as ruas de Manhattan. Fervem os trilhos e as torres de ferro e mármore erguidas entre correntes velozes.
Quando Paul Strand retratou a Nova York dos anos 20, rompeu de vez com o pictorialismo, estilo que enchia as fotografias até então de cenas bucólicas. Registrou com olhar de máquina -e os recursos máximos da câmera- a metrópole em ascensão e abriu caminho para a chamada fotografia direta.
Mais de cem imagens de Strand feitas ao longo de 60 anos estão expostas agora no Museu Lasar Segall. Mostram a transição de uma fotografia que tinha como parâmetro a pintura dos impressionistas para a revolução imagética permitida pelas lentes mecânicas.
Fotografando com uma câmera escondida, Strand buscava uma verdade crua -a mulher cega pedindo esmola, o vendedor ambulante. Foi precursor de nomes fortes da fotografia norte-americana, como Margaret Bourke-White e Walker Evans, e antecipou a estética fotojornalística da agência Magnum, de Robert Capa, Henri Cartier-Bresson e amigos. "Ele começa a ter essa franqueza, de olhar as pessoas direto", descreve Heloísa Espada, curadora da exposição. "É muito austero, super-simples."
"Manhatta", filme de 1921 que está na mostra, dá as coordenadas desse olhar direto e desse rigor formal, que vai até as imagens que fez nos anos 50, quando se exilou na Europa fugido do período macarthista.
Num vilarejo da Sicília, retrata a costureira, o lavrador em estilo documental. Quase no fim da vida, nos anos 60, fotografa as máquinas e uma nova revolução industrial em andanças pela África. Uma refinaria de petróleo dá ares de Manhattan dos anos 20 a uma cidade de Gana. Parece fechar a carreira no mesmo passo apressado que definiu sua fotografia.


PAUL STRAND

Quando: abertura hoje, às 17h; ter. a sáb., 14h às 19h; dom., 14h às 18h
Onde: Museu Lasar Segall (r. Berta, 111, tel. 5574-7322)
Quanto: entrada franca



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