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A atriz Alice Braga em cena de "Rummikub", de Jorge Furtado

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Uma estranha maldição condenou o curta, por tempo demais, a ser uma forma abreviada, ensaio ou apenas esboço do formato longo. Um passeio pela seleção de filmes brasileiros nesta 19ª edição do Festival Internacional de Curtas de SP é o suficiente para aniquilar tal equívoco. Jovens cineastas e cineastas com talentos já confirmados em longas retornam ao formato e comprovam que curtas não são nem suas idéias nem as expressões.
Entre os que se destacam no primeiro grupo, estão os amigos-colaboradores Juliana Rojas e Caetano Gotardo, que mantêm o padrão alcançado no inquietante "Um Ramo" (grande destaque de 2007). Ambos em momento solo avançam inspirados por olhares físicos, que extraem da atenção aos corpos uma poesia estranha, coletada no entorno da morte e no seguir da vida ("Vestida", de Rojas) ou sabendo ultrapassar a estetização fotográfica para alcançar um algo mais ("Areia", de Gotardo).
Outro nome que também mostra competência é Cavi Borges. "Engano" é mais um exercício feito em tomada longa, mas não se resume ao virtuosismo técnico, justificando o modo de narrar na situação que descreve. Já o montador Daniel Rezende desafia suas habilidades e estréia na direção com "Blackout", um habilidoso thriller, "nervoso" graças ao excelente uso do espaço, da luminosidade e dos atores.
Do time de quem retorna ao curta, dois trabalhos chamam a atenção: "Emilia Escreve um Diário" e "Rummikub". No primeiro, Tata Amaral explora com graciosidade um desdobramento de uma personagem entre o filme e a série "Antonia". No outro título, Jorge Furtado propõe um "divertimento" no qual revisita a adolescência de seu longa de estréia e opõe o frescor desta aos vícios de uma dupla de adultos.