Formada só por homens travestidos de bailarinas, cia. de NY volta ao Brasil após três anos e se apresenta em SP

Grupo nasceu há 36 anos no circuito Off Off Broadway e estourou ao parodiar o clássico com rigor técnico e artístico

AMANDA QUEIRÓS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Elas têm costas largas, cabelos no peito e pés grandes, mas vestem saias de tule e se equilibram com destreza nas sapatilhas de ponta. Soa, no mínimo, exótico, mas a proposta é outra: fazer rir.
Formado somente por homens travestidos de bailarinas, o Les Ballets Trockadero de Monte Carlo explora o ridículo do balé clássico. O grupo de Nova York esteve no Brasil em 2007 e retorna a São Paulo para três apresentações no teatro Bradesco.
Quando foi criado, há 36 anos, no circuito Off Off Broadway, o Trockadero descobriu uma fórmula infalível: parodiar as velhas companhias russas de balé -como o Kirov e o Bolshoi-, mas sem esquecer do rigor técnico na montagem das obras. As remontagens de repertório têm sempre supervisão de quem já dançou a obra em alguma grande companhia.
Com isso, o grupo achou um modo de agradar tanto os críticos quanto quem nunca vai ao teatro para ver dança.
Todo bailarino que entra para o grupo recebe um nome de "diva" à moda russa. Eles também brincam com a figura da primeira-bailarina, com suas afetações de diva e com o virtuosismo do balé.
Nisso, trocam uma ou outra pirueta por saltos mortais e são levantados sempre pelo partner que, não por acaso, costuma ser o mais mirrado. "Isso não é improvisação.
Brincamos um pouco durante os ensaios para trazer a comédia à cena", afirma o diretor artístico Tory Dobrin. Por aqui, o grupo faz um programa diferente do de 2007 e encena "La Vivandière" (de Arthur Saint-Leon), "Les Sylphides" (de Michel Fokine) e "As Bodas de Raymonda" (de Marius Petipa).