São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 2002
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MÚSICA Cinco guitarristas unem-se a Andreas Kisser, do Sepultura, em show que homenageia os ícones do instrumento Tributo à guitarra multiplica cordas do rock
DIEGO ASSIS DA REPORTAGEM LOCAL Ainda é difícil chegar a um acordo sobre quando e onde surgiu esse instrumento chamado guitarra. Alguns historiadores falam que teria sido uma evolução da lira grega, outros, do alaúde árabe, e assim por diante. Mas a sua versão eletrificada e distorcida, não há dúvida, tem pouco mais de 50 anos e a culpa por ter dado vida a um de seus maiores propagadores: o rock'n'roll. Andreas Kisser, Edgar Scandurra, Samuel Rosa, Tony Beloto, André Cristovam e Beto Lee devem suas carreiras a ela e, em troca, resolveram promover juntos o show-homenagem "Raízes da Guitarra", hoje, no Via Funchal. A idéia vem assediando há tempos o guitarrista do Sepultura Andreas Kisser. Duas vezes neste ano, em março e em junho, o músico ensaiou projetos dedicados ao instrumento. No palco do Blen Blen, Kisser começou a chamar os amigos para uma série de shows-tributo a guitarristas como Jimmy Page (Led Zeppelin), Tony Iommi (Black Sabbath), Richie Blackmore (Deep Purple) e -unanimidade de dez entre dez aficionados pelo rock- Jimi Hendrix. "Começou na brincadeira. Queríamos tocar coisas com que nos sentíssemos bem, sem pressão", afirma Kisser, que adotou a companheira de seis cordas ainda na adolescência, "tocando MPB para aprender os acordes", e que hoje é patrocinado por uma das principais fabricantes de guitarra do mundo: a Fender USA. Além dos "dinossauros" citados acima, a orgia guitarrística da noite de hoje visita ainda bandas como The Who, The Kinks, Cream e até a psicodelia dos Mutantes, num total de 30 músicas. "Fui meio ditador na escolha das faixas, mas só quero fazer com que o convidado se sinta bem", diz o guitarrista, que incumbiu Nando Reis, por exemplo, para o lado mais acústico do show e o experiente blueseiro André Cristovam para emular Hendrix. Já Scandurra, o versátil homem por trás da guitarra do Ira!, deve ir de "Heartbreaker" (Zeppelin), "My Generation" (Who) e "Lucille" (Little Richard). "Essas bandas foram a minha escola. Ouvi esses discos à exaustão entre meus oito e 18 anos", conta Scandurra, outro adepto da Fender Stratocaster. Tantos medalhões citados no repertório e, no entanto, nenhum deles começou na guitarra antes dos anos 70. Os tempos não estão favoráveis ao surgimento de novos heróis do instrumento? "Acho que este não é um momento muito feliz para a guitarra. É raro ouvir uma banda de rock atual que não remeta imediatamente ao passado, a nomes como Stooges, David Bowie, Velvet Underground", aponta Scandurra, que, sem pestanejar, vem trocando a elétrica pela eletrônica, com a criação do projeto Benzina (o grupo de um homem só, em que Scandurra mistura à guitarra batidas programadas, sintetizadores e samplers, apresenta-se amanhã no Susi in Transe, dentro do projeto Ambiance). Kisser rebate: na contramão do fortalecimento da eletrônica e do recente ressurgimento da cena anos 80, o músico promete "sepulturizar" faixas de Devo, Massive Attack, entre outros, no disco de covers "Revolusongs", que o Sepultura deve lançar até o final de outubro por sua nova gravadora, a FNM. É claro que nem uma, nem seis guitarras juntas, por melhor manejadas, podem segurar sozinhas um show. Se a lista de guitarristas que tocam hoje já não era das mais fracas, tome ainda João Gordo, Derrick Green, Vazco Fae e Robson Rocco (voz); Nando Reis, Sílvio Alemão e Paulo Jr. (baixo); Bocato (metais) e Paulo Zinner e Igor Cavalera (bateria). É bom não esquecer o protetor de ouvidos... RAÍZES DA GUITARRA - show com o guitarrista Andreas Kisser e convidados. 14 anos. Quando: hoje, às 21h30. Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila Olímpia, tel. 3846-2300). Quanto: R$ 50 (pista), R$ 55 (mezanino) e R$ 70 (camarote). Próximo Texto: "Quarta Pop": Stela Campos mostra seu "Fim de Semana" Índice |
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