São Paulo, terça-feira, 25 de setembro de 2007 |
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Crítica/artes plásticas Exposição demonstra que MuBE mantém incoerência Com "Deuses", nova curadoria desrespeita vocação do espaço para esculturas
FABIO CYPRIANO DA REPORTAGEM LOCAL Há anos, o Museu Brasileiro de Escultura (MuBE) passou a ser conhecido como "museu de aluguel", sem um programa de exposições coerente, mas alocando seu espaço a todo tipo de produção, independentemente de sua qualidade. Desacreditada e em disputa jurídica com a prefeitura, que revogou a cessão do espaço, a direção do MuBE decidiu mostrar sinais de mudança: cassou o mandato de sua então presidente, Marilisa Rathsam, que por 12 anos esteve à frente da instituição, colocando em seu lugar Jorge Landmann. A primeira ação do novo presidente foi indicar um curador para o espaço, o crítico Jacob Klintowitz, sinalizando que o MuBE passaria a buscar um pouco mais de coerência na programação artística. "Deuses", mostra com obras de Sérgio Lucena, em cartaz até o próximo domingo, é a primeira ação visível da curadoria e deveria funcionar como o sinal de mudança que se esperava do museu. Não é o que acontece. Para começar, o curador desrespeita a vocação do espaço, um museu para escultura, e escolhe um artista cujo suporte principal é a pintura, o que demandou a construção de paredes onde Paulo Mendes da Rocha criou amplos espaços para obras tridimensionais. Reformas A nova arquitetura, a cargo de Danielle Klintowitz, filha do curador, ocupa apenas parte do espaço expositivo, fazendo com que as obras estejam amontoadas e até mesmo dispostas abaixo de um corrimão, área que dificilmente Mendes da Rocha teria previsto como espaço expositivo. Assim, a mesma desconsideração que a gestão anterior vinha imprimindo ao caráter do museu continua sendo praticada na nova gestão. Já quanto à seleção artística propriamente dita, Klintowitz apresenta trabalhos que estão pouco inseridos na produção contemporânea que costuma ser exibida em instituições museológicas. Mesmo em meio a uma crise que se arrasta há anos, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) jamais chegou a uma situação parecida. Aliás, ambas as instituições passam por momentos parecidos, buscando reverter situações de crise. No Masp, também foi escolhido um novo curador, Teixeira Coelho, o que tem dado nova cara ao museu, com duas boas mostras atualmente em cartaz -mesmo que nenhuma delas seja iniciativa própria da instituição. No MuBE, contudo, a situação de crise não parece contornada e nem dá sinais de reversão a curto prazo. O discurso de mudança da nova presidência não condiz com a mostra atualmente em cartaz, de onde se deduz que o movimento que se viu por enquanto é de mudar para não mudar. DEUSES Quando: de ter. a dom., das 10h às 19h, até 30/9 Onde: Museu Brasileiro de Escultura (av. Europa, 218, SP, tel. 3081-8611) Quanto: entrada franca Avaliação: péssimo Próximo Texto: Artes plásticas: Albano Afonso fala de perdas e sombras em nova individual Índice |
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