Grupo faz temporada na capital com dois espetáculos inéditos, "Gnawa" e "Ballo'

Segundo Inês Bogéa, uma das estreias se inspira em "confraria muçulmana", enquanto a outra, "Ballo", está "mais para um baile"

Eduardo Anizelli/Folha Imagem

Ensaio da coreografia "Gnawa", que a São Paulo Companhia de Dança apresenta de hoje até domingo, no teatro Sérgio Cardoso

ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um ano após o início de seus trabalhos, a São Paulo Companhia de Dança abre a temporada 2009 apostando na ampliação de seu já eclético repertório. Às quatro peças montadas no primeiro ano de vida da companhia juntam-se mais duas obras, que são destaque das apresentações do grupo a partir de hoje, em São Paulo.
"Gnawa", de 2005, é uma criação vigorosa e sensual de Nacho Duato, coreógrafo espanhol à frente da Compañia Nacional de Danza. Já "Ballo" é um espetáculo, digamos, "caseiro". Os movimentos têm assinatura de Ricardo Scheir, ensaiador da companhia, que trabalhou a partir de música composta pelo pianista André Mehmari e dramaturgia do diretor Marcio Aurélio.
Na temporada de duas semanas, obras inéditas serão apresentadas com coreografias já encenadas. Nesta semana, "Gnawa" faz parceria com "Les Noces", remontagem da peça de Bronislava Nijinska. Na segunda semana, a nova "Ballo" será precedida por "Serenade", de George Balanchine.
"Tanto "Gwana" como "Les Noces" são coreografias rituais. A primeira tem inspiração numa confraria mística muçulmana do norte da África enquanto a segunda é um ritual de casamento", diz Inês Bogéa, diretora-adjunta da São Paulo Cia. de Dança. "Já "Serenade" e "Ballo" são peças nas quais outros encontros artísticos chamam a atenção, como é o caso de música e dança na obra de Balanchine ou o diálogo de música, movimentos e dramaturgia na peça de Scheir."
As estreias da vez são obras bem distintas. Um sangue mediterrâneo corre nas veias de "Gnawa", enquanto "Ballo" está mais para um baile mesmo. Mehmari escolheu um madrigal de Claudio Monteverdi (1567-1643), "Ballo delle Ingrate", como tema para uma obra que, como é marca do músico, tem misturas de sons barrocos, românticos, modernos e minimalistas. "É um dos meus trabalhos mais importantes porque une minha paixão pelo século 17 e a música contemporânea. Estou contente porque existe uma polifonia na coreografia que encontra eco na música," diz Mehmari.

Agenda
As estreias abrem um ano de intensa agenda da companhia, que assim como em 2008 terá verba de R$ 13 milhões. Há viagens para cidades do Estado, turnês pelo país (incluindo o Festival de Joinville), lançamento de um livro e mais uma obra nova.
Paralelamente, a Secretaria do Estado da Cultura dá continuidade ao projeto do Teatro de Dança, que abrigará o grupo. Em 2008, foi assinado contrato com os arquitetos suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron para a obra. Em janeiro, eles conheceram o terreno na região da Luz e a entrega do projeto está prevista para o primeiro semestre deste ano.