São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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"Porgy and Bess" estréia com jazz, amor e ilusão

Ópera de Gershwin leva ao teatro São Pedro excelentes baixo e soprano brasileiros

Obra de George Gershwin ganha versão "pocket" no teatro São Pedro; a regência é de Felipe Senna e a direção cênica, de João Malatian

Rachel Guedes/Divulgação
A soprano Edna D'Oliveira interpreta Bess, e o baixo José Gallisa, o Porgy, na ópera popular americana que estréia hoje em SP


JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Porgy and Bess" foi concebida por George Gershwin (1898-1937) como uma ópera popular americana. É mais que isso. É uma peça que fala do amor, das drogas, do racismo e da tristeza. E o faz em ritmo de jazz.
Ela estréia hoje no teatro São Pedro, com duas outras récitas, sábado e domingo. O maestro Felipe Senna rege uma versão "pocket", com 12 instrumentistas (cordas e bateria, trompa, trompete, saxofone, flauta e clarineta ou clarone).
No palco, com direção cênica de João Malatian, serão 14 cantores, um ator e quatro bailarinos. Nos papéis-título, Porgy será cantado pelo baixo José Gallisa, e Bess, pela soprano Edna D'Oliveira. Artistas do alto escalão lírico brasileiro.
A ópera, que traz clássicos como a canção de ninar "Summertime", estreou em 1935, em Nova York. A ação se passa num cortiço de frente para o mar da fictícia Catfish Row, em Charleston, Carolina do Sul.
Por determinação do próprio Gershwin, a ópera só pode ser interpretada por afrodescendentes. Estava no repertório da Broadway. Foi uma produção do Ziegfeld Theatre, subvencionada pelo Departamento de Estado, que excursionou e foi bater em 1955 no Scala, de Milão, e num teatro de Moscou. Em 1976, entrou no repertório da Ópera de Houston. Nove anos mais tarde, estreava no Met, de Nova York.
Malatian diz que não procurou construir uma ponte entre a comunidade negra americana e a brasileira. "Apostamos na atemporalidade, afastando um pouco o enredo do realismo extremo." O cenário é submetido a iluminações diferenciadas, de acordo com o enredo.
Edna D'Oliveira e José Gallisa nunca a haviam interpretado numa versão integral. Cantaram apenas extratos, em versão de concerto. A soprano diz sempre "estranhar" a característica cultural mais agressiva e menos cordial do negro americano. Mesmo assim, a seu ver "Porgy and Bess" é uma obra de arte, independentemente do momento em que seja vista e de qual seja o seu público.
Gallisa menciona o excesso de prazer ao se entregar a seu papel. No caso de Porgy, há a dupla condição do oprimido: ele é negro e deficiente físico.


PORGY AND BESS
Quando:
hoje, e sábado, às 20h30; domingo, às 17h
Onde: teatro São Pedro (r. Barra Funda, 171, tel. 3667-0499; 10 anos)
Quanto: R$ 20


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