ANA MARIA GUARIGLIA
free-lance para a Folha

A mostra de retratos, na Pinacoteca do Estado, do fotógrafo Gaspard-Félix Tournachon, conhecido pelo pseudônimo de Nadar, revela o espírito criativo de um dos artistas mais proeminentes da fotografia.
As 80 obras, realizadas entre 1850-1890, refletem a genialidade do fotógrafo, que retratou as personagens de sua época com tanta precisão e sensibilidade que o pintor francês Dominique Ingres (1780-1867) chamava-o de "Tiziano da Fotografia", relacionando-o com o pintor renascentista Tiziano Vecellio (1485-1576).
Nadar (1820-1910) concentrava-se no fotografado, focalizando as características contidas nos gestos, rosto e expressão do corpo.
O segredo estava na espontaneidade fotográfica, sem retoques ou manipulações, mas apenas o "prise-de-scène", preocupando-se com a identidade do modelo.
Retratou Sarah Bernhardt (1844-1923), captando toda a magia que atriz imanava aos espectadores da Comédie Française e que a fez conhecida como "a divina".
Entre as personalidades, estão Victor Hugo, Alexandre Dumas, Franz Lizst, George Sand, d. Pedro 2º e Santos Dumont.
Além dos retratos, a mostra traz 38 "cartes de visite", que serviam como cartão de apresentação, em moda na época.
Excêntrico e rebelde, Nadar documentou Paris, voando em balões movidos com ar quente. Um deles, o "Géant", de 1863, foi o maior do mundo na época, com quase três metros de diâmetro.
Outra façanha curiosa foi a série de 20 fotos feita nas catacumbas e nos esgotos de Paris em 1860, usando iluminação elétrica, o que o tornou pioneiro no uso desse recurso.
Em 1876, emprestou o estúdio para a exposição dos pintores impressionistas. E em 1886, entrevistou o cientista francês Chevreul no dia em que comemorava 100 anos de idade. Com fotos e texto dessa entrevista, estabeleceu as bases da reportagem jornalística.


Mostra: Nadar, Retratos do Século 19 Quando: hoje, às 19h30; ter. a dom., das 10h às 18h; até 1/8 Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 229-9844) Quanto: entrada franca


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