São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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TEATRO

Entidade é hegemônica nos contratos com prefeituras; data ganhará festa

Cooperativa chega aos 25 e domina a cena de São Paulo

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Dos programas e cartazes dos espetáculos aos anúncios em jornais, ela está lá, estampada ao lado do nome do grupo: Cooperativa Paulista de Teatro, a CPT.
Vinte e cinco anos depois de sua fundação, em 1979, a cooperativa ganhou força política na representação das companhias, atores ou técnicos, sejam eles ligados a espetáculos, comerciais ou dublagens para a TV.
Hoje, são estimados 600 grupos e cerca de 3.000 associados em todo o Estado. Destes últimos, pelo menos 800 são inativos, deixaram de contribuir com a taxa mensal de R$ 10, destinada ao "rateio antecipado de despesas", como explica o atual presidente da CPT, Chico Cabrera, ator e diretor da companhia Pic & Nic.
Os cooperativos são representados legalmente por uma empresa estruturada que cuida de seus contratos como pessoa jurídica. Ou seja, o trâmite burocrático (inscrição como autônomo na prefeitura, recolhimento de INSS, Imposto de Renda etc.) fica sob responsabilidade da CPT.
Uma prova da hegemonia da entidade consta da relação dos projetos contemplados para o segundo semestre deste ano no Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. De 18 grupos, somente um não é associado à cooperativa.
Nem sempre foi assim. No final dos anos 80, por exemplo, havia cerca de 30 associados. Rateavam as despesas da sede (água, luz, aluguel etc.). Perigou fechar por falta de recursos. Em 2003, para ter idéia, a CPT gastou cerca de R$ 83,8 mil. O cenário é outro.
Essa mudança ocorreu sobretudo durante a gestão do ex-presidente, o ator Luiz Amorim (1993-2003), período em que agregou mais associados. A eleição para a diretoria é bienal, mas não há chapa de oposição. Cabrera, eleito em assembléia no ano passado, era vice de Amorim.

"Mérito artístico"
Como representante dos associados, a CPT fornece serviço para empresas públicas ou privadas. Os contratadores mais recorrentes são as secretarias municipais de Cultura e a estadual, a Fundação Nacional das Artes (Funarte), o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Social da Indústria (Sesi).
"Selecionamos os espetáculos ou eventos não em razão da empresa, mas do mérito artístico", diz o gerente de projetos culturais do Sesi, Celio Deffendi, 43, que responde mais pelas montagens levadas ao interior.
Na temporada 2003-2004 do teatro Popular do Sesi, no Centro Cultural do Sesi, das oito produções contratadas, metade tinham ligação com a CPT. Para uma mostra de teatro de bonecos que percorrerá unidades do interior, a partir de setembro, foram selecionadas seis montagens, quatro delas da cooperativa.
"Se os grupos fossem independentes, não haveria problema na contratação. O fato é que a maioria faz parte da cooperativa, com a qual a nossa relação é tranqüila e profissional", diz Deffendi.
Formado há 15 anos, a companhia Pombas Urbanas optou por caminhar pelas próprias pernas.
"A independência permite ao grupo uma forma de organização na qual tenha domínio absoluto sobre todos os procedimentos administrativos e financeiros. É um processo orgânico, do qual os atores também participam", diz o diretor Lino Rojas, 61.
O Pombas foi contratado recentemente pelo Sebrae para um projeto na região do Vale do Ribeira. No momento, o grupo trabalha em Cidade Tiradentes, com recursos da Lei do Fomento.
São ligados à cooperativa companhias como Teatro da Vertigem, Tapa, Cia. do Latão, Folias d'Arte, Parlapatões, Pia Fraus, Ventoforte, Sobrevento etc., uma lista que contempla tanto o teatro adulto quanto o infanto-juvenil.

Festa
Para lembrar os 25 anos, a Cooperativa Paulista de Teatro programou 25 espetáculos gratuitos. Todos com grupos da CPT.
Entre as peças adultas, está "Eh, Turtuvia!", montagem mais recente da Fraternal Cia. de Artes e Malas-Artes, em cartaz no teatro Paulo Eiró (zona sul).
O texto de Luís Alberto de Abreu é definido como um auto caipira, no qual discorre sobre a cultura do interior paulista com ênfase na comédia popular. A direção é de Ednaldo Freire.
No teatro para crianças, há a apresentação, no CEU Jambeiro (zona leste), de "João e o Pé de Feijão", releitura da cia. Circo Mínimo para a fábula do jovem que enfrenta um gigante. A adaptação é de Rodrigo Matheus e Carla Candiotto, com direção dela.


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