|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TEATRO
Entidade é hegemônica nos contratos com prefeituras; data ganhará festa
Cooperativa chega aos 25 e domina a cena de São Paulo
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos programas e cartazes dos
espetáculos aos anúncios em jornais, ela está lá, estampada ao lado
do nome do grupo: Cooperativa
Paulista de Teatro, a CPT.
Vinte e cinco anos depois de sua
fundação, em 1979, a cooperativa
ganhou força política na representação das companhias, atores
ou técnicos, sejam eles ligados a
espetáculos, comerciais ou dublagens para a TV.
Hoje, são estimados 600 grupos
e cerca de 3.000 associados em todo o Estado. Destes últimos, pelo
menos 800 são inativos, deixaram
de contribuir com a taxa mensal
de R$ 10, destinada ao "rateio antecipado de despesas", como explica o atual presidente da CPT,
Chico Cabrera, ator e diretor da
companhia Pic & Nic.
Os cooperativos são representados legalmente por uma empresa
estruturada que cuida de seus
contratos como pessoa jurídica.
Ou seja, o trâmite burocrático
(inscrição como autônomo na
prefeitura, recolhimento de INSS,
Imposto de Renda etc.) fica sob
responsabilidade da CPT.
Uma prova da hegemonia da
entidade consta da relação dos
projetos contemplados para o segundo semestre deste ano no Programa Municipal de Fomento ao
Teatro para a Cidade de São Paulo. De 18 grupos, somente um não
é associado à cooperativa.
Nem sempre foi assim. No final
dos anos 80, por exemplo, havia
cerca de 30 associados. Rateavam
as despesas da sede (água, luz,
aluguel etc.). Perigou fechar por
falta de recursos. Em 2003, para
ter idéia, a CPT gastou cerca de R$
83,8 mil. O cenário é outro.
Essa mudança ocorreu sobretudo durante a gestão do ex-presidente, o ator Luiz Amorim (1993-2003), período em que agregou
mais associados. A eleição para a
diretoria é bienal, mas não há chapa de oposição. Cabrera, eleito em
assembléia no ano passado, era
vice de Amorim.
"Mérito artístico"
Como representante dos associados, a CPT fornece serviço para
empresas públicas ou privadas.
Os contratadores mais recorrentes são as secretarias municipais
de Cultura e a estadual, a Fundação Nacional das Artes (Funarte),
o Serviço Social do Comércio
(Sesc) e o Serviço Social da Indústria (Sesi).
"Selecionamos os espetáculos
ou eventos não em razão da empresa, mas do mérito artístico",
diz o gerente de projetos culturais
do Sesi, Celio Deffendi, 43, que
responde mais pelas montagens
levadas ao interior.
Na temporada 2003-2004 do
teatro Popular do Sesi, no Centro
Cultural do Sesi, das oito produções contratadas, metade tinham
ligação com a CPT. Para uma
mostra de teatro de bonecos que
percorrerá unidades do interior, a
partir de setembro, foram selecionadas seis montagens, quatro delas da cooperativa.
"Se os grupos fossem independentes, não haveria problema na
contratação. O fato é que a maioria faz parte da cooperativa, com a
qual a nossa relação é tranqüila e
profissional", diz Deffendi.
Formado há 15 anos, a companhia Pombas Urbanas optou por
caminhar pelas próprias pernas.
"A independência permite ao
grupo uma forma de organização
na qual tenha domínio absoluto
sobre todos os procedimentos administrativos e financeiros. É um
processo orgânico, do qual os atores também participam", diz o diretor Lino Rojas, 61.
O Pombas foi contratado recentemente pelo Sebrae para um projeto na região do Vale do Ribeira.
No momento, o grupo trabalha
em Cidade Tiradentes, com recursos da Lei do Fomento.
São ligados à cooperativa companhias como Teatro da Vertigem, Tapa, Cia. do Latão, Folias
d'Arte, Parlapatões, Pia Fraus,
Ventoforte, Sobrevento etc., uma
lista que contempla tanto o teatro
adulto quanto o infanto-juvenil.
Festa
Para lembrar os 25 anos, a Cooperativa Paulista de Teatro programou 25 espetáculos gratuitos.
Todos com grupos da CPT.
Entre as peças adultas, está "Eh,
Turtuvia!", montagem mais recente da Fraternal Cia. de Artes e
Malas-Artes, em cartaz no teatro
Paulo Eiró (zona sul).
O texto de Luís Alberto de
Abreu é definido como um auto
caipira, no qual discorre sobre a
cultura do interior paulista com
ênfase na comédia popular. A direção é de Ednaldo Freire.
No teatro para crianças, há a
apresentação, no CEU Jambeiro
(zona leste), de "João e o Pé de
Feijão", releitura da cia. Circo Mínimo para a fábula do jovem que
enfrenta um gigante. A adaptação
é de Rodrigo Matheus e Carla
Candiotto, com direção dela.
Texto Anterior: Dio e Therion fazem fim de semana "heavy" Próximo Texto: Fomento anuncia 18 agraciados Índice
|