|
Próximo Texto | Índice
Grande nome do "scat" canta com Jazz Sinfônica
Dee Dee Bridgewater se apresenta hoje na Sala São Paulo com orquestra e revisita sua homenagem a Ella Fitzgerald
"Cantar com orquestra é como flutuar em uma bela nuvem musical", diz Dee Dee Bridgewater, conhecida por seus improvisos no palco
Philippe Pierangeli/Divulgação
|
|
A jazzista norte-americana Dee Dee Bridgewater, que canta hoje em SP
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Se a essência do jazz é a improvisação, então poucas cantoras da atualidade são tão jazzísticas quanto Dee Dee Bridgewater, uma mestre do "scat",
que canta hoje na Sala São Paulo, em apresentação com renda
revertida para a Tucca (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer).
"Scat" é o nome da técnica de
improvisação vocal do jazz, que
consiste em cantar sílabas sem
significado específico -muitas
vezes de teor onomatopéico.
Embora não tenha inventado o
"scat", a norte-americana Ella
Fitzgerald (1917-1996) foi uma
das maiores expoentes desse
jeito de cantar que Bridgewater
mostra hoje com a Orquestra
Jazz Sinfônica, regida por João
Maurício Galindo.
"Cantar com orquestra é como flutuar em uma bela nuvem
musical", disse a cantora à Folha, logo depois do ensaio de
anteontem. "Claro que a orquestra tem que ser boa, senão
a essa nuvem é de tempestade."
Nascida Denise Eileen Garrett (o sobrenome veio de Cecil
Bridgewater, trompetista com
o qual ela foi casada), em Memphis, Tennessee, em 1958, Dee
Dee não vê problemas em improvisar com uma orquestra.
"Muitos jazzistas, sejam cantores ou instrumentistas,
acham que a gente perde a liberdade com uma orquestra, o
que não é verdade", diz. "Com a
orquestra, a gente fica com a
voz dentro de uma almofada."
"Eu sempre aviso o arranjador o que quero e onde ele deve
deixar espaço para eu improvisar", conta. "E, no ensaio, aviso
regente e orquestra: olha, eu
não estou perdida, mas, aqui,
enquanto vocês tocam, eu vou
fazer uma outra melodia, em
contraponto. Porque, se eu não
improvisar, fica parecendo
uma versão ruim de ópera."
Entre outros itens, a apresentação de hoje destaca três
canções de "Dear Ella", álbum
premiado com o Grammy de
melhor performance vocal de
jazz, em que Bridgewater homenageia Fitzgerald: "Midnight Sun" (Sonny Burke, Lionel Hampton e Johnny Mercer), "Let's Do It" (Cole Porter)
e "Stairway To The Stars" (Matty Malneck, Mitchell Parish, Frank Signorelli).
Seu projeto mais recente é
"Red Earth" (2007), com músicos do Mali. "É muito fácil ficar
fazendo sempre as mesmas coisas", diz. "Um artista tem que
se colocar desafios."
Bridgewater começou a sair
dos limites estritos do jazz em
2002, com "This Is New", disco
em que abordou o universo do
compositor alemão Kurt Weill
(1900-1950). Em 2005, foi a vez
da canção francesa, com "J'Ai
Deux Amours", e a música brasileira -especificamente, Ivan
Lins- não sai de sua cabeça.
"Há dez anos eu quero gravar
com Ivan Lins, mas tem sido difícil conciliar nossas agendas",
conta. "Eu não gostaria de simplesmente cantar as músicas
dele que todo mundo já fez. O
ideal seria nós passarmos algum tempo juntos, criar coisas
novas, e daí gravar."
(IRINEU FRANCO PERPETUO)
DEE DEE BRIDGEWATER E
ORQUESTRA JAZZ SINFÔNICA
Quando: hoje, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio
Prestes, s/nº, tel. 3884-4921)
Quanto: de R$ 50 a R$ 110
Classificação: não indicado a menores
de 16 anos
Próximo Texto: Frase Índice
|