São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2008

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Grande nome do "scat" canta com Jazz Sinfônica

Dee Dee Bridgewater se apresenta hoje na Sala São Paulo com orquestra e revisita sua homenagem a Ella Fitzgerald

"Cantar com orquestra é como flutuar em uma bela nuvem musical", diz Dee Dee Bridgewater, conhecida por seus improvisos no palco


Philippe Pierangeli/Divulgação
A jazzista norte-americana Dee Dee Bridgewater, que canta hoje em SP

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se a essência do jazz é a improvisação, então poucas cantoras da atualidade são tão jazzísticas quanto Dee Dee Bridgewater, uma mestre do "scat", que canta hoje na Sala São Paulo, em apresentação com renda revertida para a Tucca (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer).
"Scat" é o nome da técnica de improvisação vocal do jazz, que consiste em cantar sílabas sem significado específico -muitas vezes de teor onomatopéico.
Embora não tenha inventado o "scat", a norte-americana Ella Fitzgerald (1917-1996) foi uma das maiores expoentes desse jeito de cantar que Bridgewater mostra hoje com a Orquestra Jazz Sinfônica, regida por João Maurício Galindo.
"Cantar com orquestra é como flutuar em uma bela nuvem musical", disse a cantora à Folha, logo depois do ensaio de anteontem. "Claro que a orquestra tem que ser boa, senão a essa nuvem é de tempestade." Nascida Denise Eileen Garrett (o sobrenome veio de Cecil Bridgewater, trompetista com o qual ela foi casada), em Memphis, Tennessee, em 1958, Dee Dee não vê problemas em improvisar com uma orquestra.
"Muitos jazzistas, sejam cantores ou instrumentistas, acham que a gente perde a liberdade com uma orquestra, o que não é verdade", diz. "Com a orquestra, a gente fica com a voz dentro de uma almofada."
"Eu sempre aviso o arranjador o que quero e onde ele deve deixar espaço para eu improvisar", conta. "E, no ensaio, aviso regente e orquestra: olha, eu não estou perdida, mas, aqui, enquanto vocês tocam, eu vou fazer uma outra melodia, em contraponto. Porque, se eu não improvisar, fica parecendo uma versão ruim de ópera."
Entre outros itens, a apresentação de hoje destaca três canções de "Dear Ella", álbum premiado com o Grammy de melhor performance vocal de jazz, em que Bridgewater homenageia Fitzgerald: "Midnight Sun" (Sonny Burke, Lionel Hampton e Johnny Mercer), "Let's Do It" (Cole Porter) e "Stairway To The Stars" (Matty Malneck, Mitchell Parish, Frank Signorelli).
Seu projeto mais recente é "Red Earth" (2007), com músicos do Mali. "É muito fácil ficar fazendo sempre as mesmas coisas", diz. "Um artista tem que se colocar desafios."
Bridgewater começou a sair dos limites estritos do jazz em 2002, com "This Is New", disco em que abordou o universo do compositor alemão Kurt Weill (1900-1950). Em 2005, foi a vez da canção francesa, com "J'Ai Deux Amours", e a música brasileira -especificamente, Ivan Lins- não sai de sua cabeça.
"Há dez anos eu quero gravar com Ivan Lins, mas tem sido difícil conciliar nossas agendas", conta. "Eu não gostaria de simplesmente cantar as músicas dele que todo mundo já fez. O ideal seria nós passarmos algum tempo juntos, criar coisas novas, e daí gravar." (IRINEU FRANCO PERPETUO)

DEE DEE BRIDGEWATER E ORQUESTRA JAZZ SINFÔNICA
Quando: hoje, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 3884-4921)
Quanto: de R$ 50 a R$ 110
Classificação: não indicado a menores de 16 anos



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