São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rocha Pitta lida com a matéria em exposição

Jovem artista ganha mostra na galeria Millan, com grande "escultura" no espaço

Mineiro radicado no Rio apresenta também vídeo, instalação e objetos em sua segunda individual na galeria da Vila Madalena


MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A matéria e o tempo são dois dos eixos básicos da obra de Thiago Rocha Pitta, 28 anos, que ganha exposição individual na galeria Millan.
Uma grande "escultura", segundo o artista, domina a mostra: "Calmaria" é uma tela de algodão de 11 m de comprimento por 5 m de largura estendida do teto à sala principal da galeria -uma síntese da mostra que é aberta hoje. Ela pode remeter o espectador a uma vela de embarcação num ambiente aparentemente estagnado.
"É uma obra atmosférica, mas não no sentido que se trata comumente, de paisagem. Ela depende da atmosfera para ter o efeito que pretendi", diz Rocha Pitta. No trabalho, ele usa cristais de sal que, ao caírem sobre a superfície do pano, absorvem a umidade do local e fazem com que sejam "desenhadas" manchas e formas no material.
É da transformação da matéria que trata Pitta em outro de seus trabalhos na exposição, "Cinema Fóssil".
Hoje, na abertura da mostra, o artista acenderá um braseiro dentro de uma cavidade no jardim da galeria. Os visitantes poderão ver de longe os efeitos da queima, refletidos por uma placa de aço retangular.
"A transformação da matéria é algo que sempre me interessou. Tem algo de magmático e de misterioso a imagem do carvão queimando e se alterando para sempre", diz ele.
Mineiro de Tiradentes, atualmente radicado no Rio, Rocha Pitta também realiza trabalhos em vídeo -que transitam por temas de suas instalações, objetos e ações. Em um vídeo, "Prototide", uma pequena fogueira na praia é vista nas grandes dimensões de um monitor de TV.
"O legal do vídeo é essa escala tão flexível. Mas, nesse processo, não é só o fogo que vai se extinguindo, a água do mar vai se contaminando por essa queima", diz ele. "E é um efeito visual muito interessante. O close na água junto do carvão queimado expõe uma espécie de óleo, algo intrusivo na água do mar." Completa a mostra uma série de caixas de vidro com papel queimado.

CALMARIA - THIAGO ROCHA PITTA
Quando: abertura hoje, às 20h; de seg. a sex., das 10h às 19h, sáb., das 11h às 17h; até 20/12
Onde: galeria Millan (r. Fradique Coutinho, 1.360, tel. 3031-6007); livre
Quanto: entrada franca



Texto Anterior: Disco mistura jazz e ritmos do Mali
Próximo Texto: Por que ver
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.