São Paulo, terça-feira, 27 de janeiro de 2009

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Artistas tentam dar força ao cinza na coletiva "PH Neutro"

Em mostra na Vermelho, obras de oito autores repetem cor neutra à exaustão

Divulgação
Instalação "Mercado Neutro' (2008), de Marcelo Cidade, que está exposta na galeria Vermelho

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Está cheio de cinza o cubo branco. Do chão de concreto brotam 72 estruturas geométricas para compor uma paisagem de picos e planícies quadriculados. "É uma gama de cinzas que acentua o volume", diz o artista Héctor Zamora sobre sua obra de papelão cinza. De tão neutro, o tom se repete para se afirmar. É esse o ponto da coletiva "PH Neutro" aberta hoje pela Vermelho: a produção em série e sem cor.
Marcelo Cidade faz uma instalação com 1.125 peças cinzentas, Odires Mlászho mostra 24 capas de livros despidas de cor e Chiara Banfi expõe nove paisagens monocromáticas. "O cinza tem a ver com minha mudança para a cidade", diz Banfi, que desenhou flores cinzas sobre folhas de papel-arroz. "O céu é muito cinza aqui, é essa a vista que eu tenho."
Seus desenhos no segundo andar quase desaparecem ao lado da avalanche de caixas da mesma cor da instalação de Cidade, que simula as prateleiras de um mercado com produtos anônimos, neutros. "O trabalho questiona a produção em série", afirma o artista. "Fui me apropriando da cor de São Paulo, é quase uma leitura topográfica, que engloba o espectador."
Da mesma forma, a paisagem de Zamora no primeiro andar tenta engolir o espaço sem perder a ordem. "É uma parasitação, uma coisa que chega e atrapalha, ocupa", descreve o artista. "É um exercício puro, abstrato, de geometria, mas capaz de transformar a percepção."


PH NEUTRO
Quando:
abertura hoje, às 20h; de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 17h; até 28/2
Onde: galeria Vermelho (r. Minas Gerais, 350, tel. 3138-1520)
Quanto: entrada franca



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