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Mostra aborda o design de João Baptista Aguiar
Artista criou logomarcas para editoras e órgãos públicos, como a Prefeitura de SP
Nos anos 80, ele liderou reforma na programação visual de capas de livros; em 1991, fez cartaz para os cem anos da avenida Paulista
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os anos 80 representaram
uma grande transformação do
mercado editorial brasileiro,
em parte pelo fim da ditadura,
que trouxe maior liberdade para a publicação de títulos até
então censurados, em parte pela profissionalização do segmento. Entre os profissionais
que marcam esse momento,
João Baptista da Costa Aguiar é
referência obrigatória. Sua produção, como criador de logomarcas, capas e cartazes, poderá ser vista de maneira organizada, a partir de amanhã, tanto
na publicação "Desenho Gráfico (1980-2006)", com texto de
Ethel Leon, como em mostra,
ambas lançadas no Instituto
Tomie Ohtake.
Autor da ousada logomarca
da editora Companhia das Letras, Aguiar criou dez imagens
distintas para tal logomarca,
todas com veículos de transporte, ao contrário do que reza
o marketing de que uma empresa deva ter uma imagem
única.
Junto de Etorre Bottini e
Moema Cavalcanti, entre outros, Aguiar protagonizou ainda uma grande mudança na
programação visual dos livros
com a Companhia das Letras,
tornando-os mais atraentes, o
que ele mesmo já vinha realizando, menos radicalmente, na
Brasiliense. Foi o momento
que, na publicação, Leon aponta como aquele em que se atravessou a "divisa que separava
os "artistas gráficos" e "diagramadores" dos designers".
"Nós já estávamos maduros,
creio que estávamos no lugar
certo, na hora certa, pois o que
estava mudando mesmo era o
mercado de livro, o começo do
que se pode chamar de "boom'",
disse Aguiar à Folha, durante a
montagem da mostra.
A exposição segue a organização do livro, que aponta para
as várias facetas do ofício de
Aguiar, tendo início com a relação entre desenhos de capas e
mapas, como a série de capas
para livros de Guimarães Rosa,
publicados pela Nova Fronteira, nos quais peles de vaca tornam-se possíveis territórios.
Mapas estão presentes em
vários trabalhos de Aguiar e
possuem uma relação com sua
obra criada para órgãos públicos, como a que realizou durante o governo Luiza Erundina, particularmente para a Secretaria Municipal da Cultura,
que tinha à frente a filósofa
Marilena Chaui.
Em 1991, por exemplo, ao
criar um cartaz para os cem
anos da avenida Paulista,
Aguiar utilizou uma imagem da
cidade, curiosamente idêntica
às que podem ser observadas
no Google Earth, muito antes
de a ferramenta ter sido criada.
Foi para a Secretaria da Cultura, aliás, que Aguiar criou outro
logomarca "serializada", ou seja, que tinha várias imagens
distintas, da mesma forma que
a criada para a Companhia das
Letras.
Também foi dele a criação da
logomarca da própria gestão
Erundina, que tinha como imagem central um detalhe do monumento de Victor Brecheret
que fica em frente ao parque
Ibirapuera.
Apesar disso, suas obras mais
reconhecidas são mesmo as capas de livros. Após ter ultrapassado a casa das mil, Aguiar perdeu as contas de quantas fez.
Tanto no livro como na mostra
são apresentados certos autores freqüentes com os quais o
designer trabalha, como Nelson Rodrigues, John Updike e
Paul Auster. "A capa dos livros
é um dos espaços mais privilegiados, pois, enquanto o desenho de um jornal dura um dia e
o de uma revista, um mês, a capa de um livro dura pelo menos
dez anos na casa de uma pessoa", conta Aguiar. De fato, dificilmente um leitor assíduo
não vai ter uma capa assinada
pelo designer em casa.
DESENHO GRÁFICO (1980-2006)
Lançamento: amanhã, às 20h (convidados), Instituto Tomie Ohtake
Autor: João Baptista da Costa Aguiar
Editora: Senac
Quanto: R$ 90 (258 págs.)
JOÃO BAPTISTA DA COSTA AGUIAR
Quando: abertura amanhã, às 20h; de
ter. a dom., das 11h às 20h; até 1º/4
Onde: Instituto Tomie Ohtake (av. Faria Lima, 201, tel. 2245-1900)
Quanto: entrada franca
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