São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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Bethânia e Omara cantam clássicos

Brasileira e cubana fazem duos com músicas representativas dos dois países em shows hoje e amanhã no Via Funchal

Repertório não se resume às faixas do CD lançado neste mês e tem sucessos das carreiras de ambas, como "Negue" e "Dos Gardenias"

Pedro Carrilho -26.fev.2008/Folha Imagem
Maria Bethânia e Omara Portuondo realizam turnê com shows hoje e amanhã em SP; "Somos crianças brincalhonas', diz a baiana

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA REPORTAGEM LOCAL

Para Maria Bethânia, ela e Omara Portuondo são "um pouquinho tradutoras dessas terras" brasileiras e cubanas, "desses sentimentos" que seriam característicos dos dois países.
Não por acaso, além das músicas que gravaram no CD recém-lançado, elas escolheram para o show que estreou no Rio no último dia 7 e chega hoje ao Via Funchal clássicos dos respectivos cancioneiros.
"Eu passo por coisas minhas, que o público conhece, e dona Omara está interpretando as canções mais belas da música cubana", afirma Bethânia.
Entre as "mais belas" que não estão no disco, figuram "Cubanakan", "Veinte Años", "Drume Negrita", "La Sitiera", "Guantanamera" e "Dos Gardenias" -que Omara dedica a Ibrahim Ferrer (1927-2005), seu colega de "Buena Vista Social Club" e dos shows que sucederam ao filme.
Para o lado brasileiro, Bethânia selecionou "Gente Humilde", "Partido Alto", "Negue", "Você Não Sabe", "Escandalosa" e "O que Será? (À Flor da Terra)".

Versões em espanhol
Mas não são dois shows independentes. Se no CD só havia quatro duos em 13 faixas, no palco Bethânia e Omara se encontram muito mais. A cubana, para ficar mais à vontade, ganhou versões em espanhol de algumas letras, como "Começaria Tudo Outra Vez".
E o "à vontade" transparece também em gestos e movimentos que comprovam a vitalidade de Omara aos 77 anos -o que impressiona até a teatral Bethânia.
"Ela é uma cantora muito cuidadosa com musicalidade, técnica, divisão... É diferente de mim, que sou intérprete. Sou bilhões de vezes mais teatral, mas não pense que ela não faz teatro. Faz bonitinho. Ela é livre, menina, pura na música", exalta a brasileira.
Embora falem uma da outra com grande reverência, elas dizem ter conquistado já nos ensaios, iniciados em fevereiro, um relaxamento que não tinham durante as gravações do disco, no início do ano passado. Na estréia, realizada no Canecão, no Rio, esse clima de leveza ficou nítido em vários momentos, apesar do nervosismo e da necessidade de lerem partes das letras.
"Somos responsáveis, mas também crianças brincalhonas. Não queremos tratar isso com o peso de um grande encontro. A força vem de não pensarmos nisso, brincarmos com isso, e a música trazer alegria e nos unir", acredita Bethânia.
A dupla recebeu uma canção feita por Joyce e Paulo César Pinheiro especialmente para o show. A letra de "Havana-me" brinca com símbolos dos dois países e transforma os nomes das cantoras em verbos: "Bethânia-me" e "Omara-me".
Elas também começam e terminam o show juntas. Na abertura, cantam "O Cio da Terra", que consideram representativa de Brasil e Cuba por evocar o trabalho na terra e, por tabela, a escravidão. E, no final, "Palabras" e "Palavras", de afinidade explícita.
Depois de São Paulo, Bethânia e Omara seguem em turnê, até maio, por mais oito cidades brasileiras, indo depois a Argentina e Chile.


OMARA PORTUONDO E MARIA BETHÂNIA
Quando:
hoje e amanhã, às 21h30
Onde: Via Funchal (rua Funchal, 65, Vila Olímpia, 0/xx/11/3188-4148)
Quanto: de R$ 60 a R$ 200


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