São Paulo, sábado, 27 de abril de 2002

Próximo Texto | Índice

VISUAIS

"Genius Loci - O Espírito do Lugar" une cerca de 60 nomes em pontos de Higienópolis, Santa Cecília e Vila Buarque

Exposição espalha artistas pelo centro

ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

O nome em latim, "Genius Loci", pode soar um pouco pomposo inicialmente, mas seu significado, "espírito do lugar", reflete a inspiração de uma mostra que envolve três bairros inteiros por meio de lugares tão diferentes como uma oficina mecânica, um bar e uma biblioteca.
"Genius Loci - O Espírito do Lugar" vai ser lançada hoje, às 11h, na biblioteca Monteiro Lobato e engloba cerca de 60 artistas e 30 instituições nos bairros de Higienópolis, Santa Cecília e Vila Buarque, na área central da cidade.
"É uma região de fronteira, que reúne uma área de classe média culta, como Higienópolis, e uma região muito degradada, como a Boca do Lixo. A idéia era a de criar um circuito cultural que englobasse, que não dividisse, que estabelecesse um trânsito de uma parte para outra", afirma Lorenzo Mammì, diretor do Centro Universitário Maria Antonia.
Nascida no ano passado, a idéia uniu esforços das instituições culturais do bairro e ganhou apoio de pontos comerciais, como a oficina Mecânica do Garcia, o estacionamento Mac e o bar Lanches Alvorada, que já expõe obras do artista plástico Rodrigo Andrade desde 2001 e serviu de inspiração ao projeto, segundo Mammi.
"É uma idéia simples e imediata. Foi a partir dessa discussão, sobre o que os artistas estavam trabalhando, as iniciativas da 10,20 x 3,60 [galeria também inaugurada em 2001", algumas intervenções de estudantes da Faap, um interesse geral, que nasceu a vontade de concentrar esses esforços e de fazer com que o bairro seja caracterizado como um bairro de produção cultural."
Esforços, aliás, que mereceram o apoio de artistas. Um dos trunfos da mostra é reunir gente já estabelecida, como Carmela Gross, Dudi Maia Rosa e Laura Vinci, e quem está começando.
"As pessoas toparam com muita facilidade, gostaram da idéia. No começo, a gente tinha a preocupação de misturar [artistas jovens e veteranos" para dar um certo peso à iniciativa", explica.
Quanto à escolha dos artistas, diz que "foi meio espontânea; não tem uma curadoria formal. O Marcos Moraes [coordenador do curso de artes plásticas da Faap] coordenou mais a Faap, e eu chamei algumas pessoas, que fizeram propostas. A gente está desacostumado com isso, mas as artes dos anos 60 não dependiam de curadoria formal. É uma dimensão que precisa ser recuperada".
A espontaneidade da curadoria está também no término da mostra. "As instituições podem continuar ou não com as exposições, fechar e não ter mais a experiência", diz Mammì, que, no entanto, espera "ter semeado algo que possa continuar".



Próximo Texto: Circuito evidencia arte de guerrilha
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.