Atriz de "Casamento Grego" estreia na direção em constrangedora comédia

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John Corbett e Nia Vardalos em cena de comédia romântica

RONI FILGUEIRAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nia Vardalos queria ser a escritora Candace Bushnell.
E a atriz Sarah Jessica Parker. E, como sonhar não custa, também o diretor Michael Patrick King. A estrela da comédia americana "Casamento Grego", sucesso estrondoso de bilheteria em 2002, tenta reproduzir o fenômeno da Santíssima Trindade em "Eu Odeio o Dia dos Namorados": ela escreve, atua e dirige a, digamos, comédia romântica decalcada na verve da prestigiada série de TV "Sex and the City", em que quatro mulheres solteiras de Nova York discutiam a relação (ou relações) com o sexo oposto.
Escorada no sucesso de seu filme anterior, Nia resolveu fazer o que pouca gente tarimbada em cinema ousa e perpetrou um dos fiascos da temporada. "Eu Odeio..." vende gato por lebre: sugere uma comédia em que a data comercial é desconstruída à base de cinismo. Mas fica a léguas disso.
Tendo como cenário Nova York, a história flagra a dona de uma loja de flores no Brooklin (Nia) e a tática bolada para impulsionar sua vida romântica: antes de passar para a fase dois de um encontro amoroso, ou seja, a que vai do flerte ao namoro, ela dá a coisa como encerrada no quinto encontro.
Até que encontra o dono de um bar (John Corbett, o namorado gente boa de Carrie, em "Sex and the City", e o noivo de Nia em "Casamento Grego"), e, é claro, decide chegar à fase cinco: aquela que, reza a lenda, as mulheres almejam e da qual os homens correm como o diabo da cruz, o casamento.
O roteiro de Nia, baseado em história dela e de Stephen David e Ben Zook, costura até situações potencialmente inteligentes e engraçadas, mas as desperdiça com uma direção frouxa, uma montagem rasteira e, pecado mortal em uma comédia, falta de ritmo. Nossa atriz-roteirista-diretora, cuja carreira foi pavimentada por filmes "de mulherzinha", cria em sua estreia atrás das câmeras uma tremenda coroa de flores de defunto: subtramas e personagens em excesso, beirando o constrangedor, colocando recursos dramáticos a perder.
Ao menos não se pode culpá-la por querer ser a stylist do seriado norte-americano, Patricia Field. O pecado de assinar figurino e maquiagem horrendos ela pode colocar na conta de outro.