São Paulo, domingo, 27 de maio de 2007

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Sibelius é homenageado em dois concertos em SP

Finlandês está nos programas da OER e da Osusp

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O compositor Jean Sibelius (1865-1957) é um grande injustiçado. Não estaria mais na moda, como se música de qualidade se sujeitasse a modismos.
Pois dois concertos, hoje com a Orquestra Experimental de Repertório e na terça com a Sinfônica da USP, lembram em São Paulo os 50 anos de sua morte.
A Experimental se apresenta às 11h no Teatro Municipal, sob a direção de Ligia Amadio, regente da Orquestra Sinfônica Nacional. Ela fará de Sibelius a "Sinfonia nº 1" (1900), "O Cisne de Tuonela" (1893) e o conhecido "Concerto para Violino e Orquestra" (1905), tendo como solista Liza Ferschtman.
O concerto da Osusp, na Sala São Paulo, trará do compositor finlandês a "Sinfonia nº 2" (1902). O programa, regido por Carlos Moreno, também inclui, de Mário Ficarelli, "Transfigurationes", e, de Serguei Prokofiev, o "Concerto nº 3", com a pianista Sylvia Thereza.
Mas vejamos Sibelius. Sua música lembra um pouco as imagens em três dimensões, em que cada plano é transparente em relação ao outro, o que fornece uma nitidez extraordinária das células temáticas que ele vai aos poucos justapondo até chegar a um enunciado completo. Ele também "falava" a linguagem sinfônica do romantismo.
Pesquisa em Nova York em 1937 o apontava como o mais popular dos compositores -mais que Mozart ou Beethoven. Era intensamente divulgado por maestros como Eugene Ormandy e Leopold Stokowski.
Sibelius compôs até por volta de 1927, quando estava com 62 anos. Os 30 anos seguintes foram de um constrangedor silêncio, em que ele esboçou uma última sinfonia, a "Oitava", que ele próprio destruiu.
O jornal britânico "The Independent" argumenta que o compositor decaiu por três sucessivas razões. O alcoolismo o esterilizava em termos criativos. Sua estética, a seguir, fascinava Hitler e o 3º Reich, que o condecorou em 1935. Goebbels criou em 1942 a Sociedade Sibelius da Alemanha. Ele se deixou passivamente bajular, embora não fosse nazista, segundo Erik Tawaststjerna, seu mais respeitado biógrafo.
Por fim, Sibelius se tornou o alvo de Theodor Adorno, filósofo alemão que valorizou as vanguardas do século 20 e desqualificou compositores leais ao tonalismo neo-romântico.


ORQUESTRA EXPERIMENTAL DE REPERTÓRIO
Quando:
hoje, às 11h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 3222-8698)
Quanto: de R$ 5 a R$ 10

SINFÔNICA DA USP
Quando:
terça, às 21h
Onde: Sala São Paulo, (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 3223-3966)
Quanto: de R$ 12 a R$ 100


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