São Paulo, domingo, 27 de agosto de 2006

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Fenômeno da net chega ao cinema

Festival de Curtas de SP apresenta "Tapa na Pantera", filme dirigido por Esmir Filho que faz sucesso no site YouTube

"Alguma Coisa Assim", do mesmo diretor, também tem exibição na mostra; roteiro do curta foi premiado em Cannes

Lenise Pinheiro/Folha Imagem
A "equipe": Esmir (à esq.), Maria Alice, Mariana e Rafael


PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Tapa na Pantera" é o trabalho mais visto de Esmir Filho (dirigido em parceria com Mariana Bastos e Rafael Gomes). O mais premiado é "Alguma Coisa Assim", que será exibido amanhã no 17º Festival Internacional de Curtas de São Pa...
Esmir?! Alguma o quê?
Melhor começar assim:
A atriz Maria Alice Vergueiro, 71, mais de 50 anos de teatro e atuações em montagens históricas como o "Rei da Vela", "Galileu Galilei" e "Mãe Coragem", está prestes a fazer um "teste na Globo".
A gravação deve virar o terceiro capítulo da saga iniciada com "Tapa na Pantera", curta cômico-caseiro que catapultou Maria Alice ao posto de vovó maconheira mais amada da net.
O segundo episódio é "Entrevista com a Pantera".
"Tivemos mais de um milhão de acessos até agora (www.youtube.com) e, no Orkut, já existem comunidades como "Eu quero Maria Alice de Avó" e "Maria Alice para Presidente'", comemoram os diretores da obra, na qual a atriz explica por que fuma maconha -ou dá um "tapa na pantera",- diariamente.
Pronto: Esmir, 23, co-diretor do curta que virou cult-instantâneo, é sucesso também lá fora, mas com outro filme.
"Alguma Coisa Assim", de 15 minutos, recebeu este ano em Cannes, na Semana da Crítica, o prêmio de melhor roteiro.
O enredo: Caio (André Antunes) e Mari (Caroline Abras), 17, são um casal de "ficantes" que sai pela noite atrás de experiências novas e vai parar em uma megabalada gay. Mentem a idade para a hostess, bebem demais e dançam muito, até que um outro garoto começa a azarar Caio.
Levianamente, Mari o estimula a corresponder. Ele resiste, mas não muito: acaba indo lá, beijando o garoto e se descobrindo. Crise.
"São idéias simples sobre sexualidade, descobertas e dúvidas, que eu roteirizei", explica Esmir.
Ele diz que não se trata de um "filme para adolescentes", mas reconhece que, por ser jovem, pode falar com propriedade sobre um casal de 17. "Um diretor mais velho talvez desse um tom nostálgico", acha ele, que gastou R$ 80 mil entre produção e filmagem.
A crise do casal é resolvida com muitas imagens e poucas palavras. Tipo videoclipe.
"Usei propositalmente uma linguagem de clipe, no início, para apresentar os personagens e atrair o público jovem."
A conversa sobre os dois filmes acontece na casa de Maria Alice, em Higienópolis, na presença dos três diretores -Esmir, que assinou com Mariana a direção de "Alguma Coisa..", é o primeiro a sair, porque, com tanta visibilidade, anda correndo de entrevista em entrevista.
O restante da equipe do "Tapa" fica e se entrega a elucubrações sobre a imensa repercussão do curta, ganhador de três Kikitos em Gramado.
"A gente deve continuar com outros episódios, mas não queremos desgastar a fórmula", explica Mariana.
Além de "Teste na Globo", o grupo cogita os capítulos "Maria Alice para Presidente" e "A Pantera Entra no Século 21".
Maria Alice ("ainda não caí em si") diz:
"Quando me assisto, não me vejo como em um vídeo na festa de casamento da prima. Vejo algo épico, um personagem mesmo. Foi como ficar pelada em "O Rei da Vela". Não sou do tipo que diz: "Vamos todo mundo ficar pelado!!" e tira a roupa, entende? Preciso entrar em um transe criativo", explica a atriz, aparentemente sóbria, apesar da larica, entre um pedaço e outro de uma deliciosa torta-sorvete de três andares.


TAPA NA PANTERA
Quando:
amanhã, às 16h, no Cinesesc

ALGUMA COISA ASSIM
Quando:
quarta, às 18h, no CCSP
Quanto: entrada franca


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