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Mostra exibe produções do universo muçulmano
"Cinema do Oriente" terá encontro com diretores
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
O acesso a cinematografias
pouco conhecidas traz a possibilidade de vivenciarmos pontos de vista sobre questões que
desconhecemos ou costumamos ver de modo único.
Na terceira edição, a mostra
"Cinema do Oriente" leva ao
Cinesesc, Cine Olido e Centro
Cultural São Paulo um conjunto de obras culturalmente pertencentes ao mundo muçulmano. Há produções árabes, iranianas, turcas e curdas, além de
filmes sobre populações muçulmanas fora do seu centro
geográfico, como os bósnios da
ex-Iugoslávia e o povo uighur,
que vive na China.
O evento exibirá 23 títulos,
distribuídos em 11 longas, sete
médias e curtas e cinco animações em curta. Além dos filmes,
a mostra promove encontros e
colóquios com as diretoras Inka Stafrace e Rawan Damen e
os diretores Montaser Marai e
Massoud Bakhshi.
Mesmo quando se expressam no formato de ficção, os filmes em destaque nesta edição
da mostra projetam um olhar
documental sobre os dramas e
dilemas que encenam.
"Meu Marlon e Brando", do
turco Huseyin Karabey, registra os esforços de uma garota
para reencontrar o namorado,
um curdo bloqueado em território iraquiano no início dos
ataques dos EUA para derrubar
o regime de Saddam Hussein. O
filme se transforma num "road
movie" que expõe dimensões
políticas, religiosas, culturais e
étnicas de grande alcance.
Ainda mais engajado, e não
menos pertinente, é "O Sal desse Mar", no qual a diretora palestina Annemarie Jacir encena questões como pertencimento, identidade e ocupação
de territórios por meio da história de uma garota refugiada
nos EUA que retorna à região e
se choca com os procedimentos
habituais de controle da população pelas forças militares israelenses.
São filmes "do outro lado",
com discursos que quase se
opõem aos que recebemos e,
por isso mesmo, urgentes.
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